Após visita ao Hospital Federal de Bonsucesso nesta manhã, Marcelo Crivella disse que vai fazer uma gestão de austeridade, com muitos cortes de gastos ao assumir a Prefeitura do Rio a partir de Janeiro.
"O Rio de Janeiro teve momentos de muitas obras e claro que essas obras sempre deixam dívidas. Nos últimos oito anos o Rio de Janeiro pegou R$ 10 bilhões emprestado. Juros no Brasil não são baratos. Os empréstimos são na maioria do BNDES e da Caixa Econômica e nós vamos precisar renegociar. Enquanto o Rio de Janeiro estava em obra, em euforia, muitos setores da administração pública verificaram que ali haveria uma oportunidade para atender as suas reivindicações então foram feitos diversos planos de cargos e salários que agora serão pagos. Nós temos um orçamento com despesas de R$ 29 bilhões e a previsão de arrecadação R$ 4 bilhões a menos, isso vai exigir muitos cortes."
As reclamações de Crivella se chocam com as informações do estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que diz que as contas da Prefeitura do Rio estão em equilíbrio e que Eduardo Paes vai deixar no caixa do município ao sair do cargo R$ 1,9 bilhão. Para Crivella, a avaliação fiscal feita pela FGV só deve ter se baseado nos últimos quatro anos da gestão de Paes e não no período total entre 2009 e 2016.
Crivella ainda falou sobre a prioridade de seu governo em relação a saúde no Rio. Inicialmente, o prefeito eleito disse que aumentaria a verba da saúde em R$ 250 milhões a cada ano, mas diante da crise, o Prefeito eleito já disse que isso vai precisar ser revisto diante do orçamento reduzido.
"Isso aí, nós vamos ter que priorizar. Vai aumentar o sacrifício, a austeridade. Vou priorizar a verba da saúde de toda a forma. Esses R$ 250 milhões foram retirados aos longo dos quatro anos, foi um debate grande que tivemos ao longo da campanha que precisamos repor, e vamos repor. Nós não podemos de maneira nenhuma brincar com as esperanças e as expectativas do povo. É preciso passar a realidade como ela é, e a realidade é a de uma crise grave. De R$ 4 bilhões de déficit nesse novo orçamento e que nós vamos precisar da compreensão e do sacrifício de todos e nem pensar em investimentos."
Marcelo Crivella enfatizou que enquanto não tiver uma visão geral das dívidas e recursos que terá à frente da Prefeitura, não haverá gastos. "O Rio de Janeiro vai ter o Prefeito que elegeu, com austeridade e dignidade. Nós queremos ser formiga, não cigarra. Peço de antemão ao povo do Rio de Janeiro paciência e compreensão, porque vamos governar num momento de austeridade e os cortes serão inevitáveis. Eu já disse aos nossos secretários, enquanto nós não tivermos uma visão correta dos compromissos a cumprir e dos parcos recursos que temos a ordem é não gastar."
O novo Prefeito do Rio ainda fez críticas a obras realizadas por Eduardo Paes, que segundo Crivella apesar de embelezarem a cidade, mas funcionam de forma deficitária, como as criações do VLT, a Cidade das Artes e o Museu do Amanhã.
No Hospital Geral de Bonsucesso, que é da rede federal de saúde, Marcelo Crivella realizou nesta quarta-feira seu último ato como senador formalizando o repasse de R$ 3,9 milhões em emendas parlamentares, que serão usados na compra de equipamentos para a Emergência da unidade.