Naquela cidade colombiana, a Chapecoense iria disputar a primeira das duas partidas decisivas da Copa Sul Americana com o Atlético Nacional. Porém a queda do avião na região montanhosa de Medellín, próxima ao aeroporto, provocou esta tragédia em que morreram 71 das 77 pessoas que estavam a bordo. Além de Rafael Henzel, sobreviveram dois tripulantes (o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suárez), os zagueiros Alan Ruschel e Neto, e o goleiro Jackson Follmann, este tendo sofrido amputação de parte da perna direita.
Em entrevista exclusiva para a Rádio Sputnik, Rafael Henzel disse que está se sentindo bem e em recuperação das lesões sofridas em sete vértebras da coluna. Disse ainda que, na medida do possível, tem saído de casa para compromissos familiares e pessoais além de procurar o hospital em que ficou internado para substituição de curativos.
Rafael Henzel, que apresenta programas pela manhã e à tarde na sua emissora, quer voltar logo a narrar futebol. Em princípio, o retorno acontece no sábado, 21, quando a Chapecoense, com vários novos jogadores, cedidos por outros clubes e incorporando meninos da base, enfrentará o Palmeiras em amistoso que marcará a entrega das faixas de campeões: o Palmeiras receberá as faixas de campeão do Campeonato Brasileiro 2016 e a Chapecoense, de campeã da Copa Sul Americana do mesmo ano. Se o retorno não acontecer neste jogo, acontecerá na quinta-feira seguinte, 26, quando a Chapecoense receberá o Joinville (também na Arena Condá) pela Primeira Liga:
"Tenho certeza que será uma carga emocional muito forte. Para mim, para todos da Chapecoense, para o público de Chapecó, para todos enfim. Mas o importante para todos nós é assimilar que é preciso continuar e a vida deve prosseguir."
A Chapecoense participará de várias competições internacionais neste ano de 2017 mas Rafael Henzel ainda não sabe se acompanhará a equipe nestes compromissos fora do país:
"Ainda é cedo para termos alguma definição sobre isso. Até porque a maioria das competições acontecerá a partir de meados do ano. Então, vamos aguardar. O que eu sei é que vou dar o melhor de mim: se Deus me proporcionou esta nova oportunidade de vida, com a recuperação do trágico acidente, eu tenho mais é que honrar esta oportunidade."
Rafael Henzel recordou os momentos que mais o emocionaram nestes últimos anos, narrando jogos da Chapecoense:
"Eu lembro de dois jogos em que me emocionei muito. O primeiro deles foi em 2013 com a Chapecoense garantindo o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. O jogo com o Paraná Clube aconteceu em Curitiba e nós vencemos por 1 a 0, gol do Bruno Rangel. Aliás, o Bruno Rangel marcou 31 gols naquela temporada e eu narrei vários deles. O outro momento de emoção foi no ano passado quando nos últimos momentos da partida contra o argentino San Lorenzo, da Argentina, pela Copa Sul Americana, o goleiro Danilo fez aquela defesa espetacular, no último minuto de jogo, garantido a ida da Chapecoense para a decisão do torneio contra o Atlético Nacional, de Medellín."
Na volta à narração esportiva, Rafael Henzel carregará uma esperança:
"Torço para que o ano de 2017 seja de muita emoção e de uma sensível recuperação para todos de Chapecó e da Chapecoense. Sem qualquer dúvida, muitos momentos de alegrias e emoções nos esperam ao longo deste ano."