Uma discreta cerimônia de homenagem se deu junto à antiga sede da redação na quinta-feira (5). A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, o ministro das Relações Exteriores, Bruno Le Ru, e os representantes da revista deixaram flores no memorial da tragédia.
A capa da edição dedicada ao segundo aniversário do ataque contra a revista é intitulada "2017. Finalmente, o fim do túnel" e retrata um homem que olha para dentro de um cano de canhão de um terrorista. Segundo diz o editor-chefe da edição, Laurent Sourisseau, mais conhecido como ‘Riss', 2015 foi um ano da continuação da vida para a revista, enquanto o de 2016 foi de estabilização.
"Pode ser que em 2017 sejamos ainda mais duros e agressivos", afirmou Riss em entrevista à agência Agence France-Presse.
"Anteriormente, éramos incomodados por uma ou duas organizações retrógradas francesas, agora parece que todo o mundo acompanha aquilo que fazemos", partilhou o jornalista.
Em uma reportagem, a rádio Europe 1 destaca que, desde o dia trágico do atentado, o conteúdo do semanário quase não foi modificado. "Talvez estejamos desenhando menos o profeta [Maomé]", diz um dos ex-representantes da redação. Pelo menos, as charges sobre o profeta muçulmano já não aparecem na capa.
Segundo ele, as medidas de segurança reforçadas, aplicadas à equipe da Charlie Hebdo, "matam a criatividade".
"Já não há atmosfera do passado", afirmou o jornalista.
Hoje em dia, a Charlie Hebdo trabalha sob uma vigilância reforçada. O endereço da redação não é revelado, a sede parece mais uma casamata: inúmeras portas blindadas, segurança armada que revista cada visitante e há até um "panic room" — um quarto especialmente equipado que será usado caso seja realizado um novo atentado.