O percentual apontado pelo especialista em questões ambientais refere-se aos números divulgados pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que são os seguintes: entre agosto de 2015 e julho de 2016, a Amazônia perdeu 7.989 quilômetros quadrados (km²) de floresta, a maior taxa desde 2008.
De acordo com o INPE, o chamado perfil fundiário dos responsáveis pelo desmatamento sofreu pequena variação em relação aos anos anteriores. A maior derrubada de árvores aconteceu em propriedades privadas (35,4%), assentamentos (28,6%), terras públicas sem destinação e áreas sem informação cadastral (24%) e ainda, unidades de conservação (12%).
O Panorama do Desmatamento da Amazônia 2016 indica que os estados do Amazonas, Acre e Pará foram os que registraram as maiores taxas de incremento da devastação, com índices de 54%, 47% e 41%, respectivamente. Em números absolutos, Pará foi o estado que registrou maior área de desmatamento com 3.025 km², seguido por Mato Grosso com 1.508 km², e Rondônia com 1.394 km².
"Todos esses fatos são danosos não só para a Amazônia como para todo Brasil porque nós estamos falando de uma região que possui um papel importante no controle hídrico do país, quer na questão da distribuição das chuvas ou no fluxo dos meios hídricos; a Amazônia tem ainda uma importância ímpar para manutenção do bioma e da biodiversidade, e nós estamos sem uma percepção clara por parte da sociedade em relação a um patrimônio que é de todos os brasileiros."
Para o engenheiro André Guimarães, é difícil individualizar os responsáveis pelo desmatamento da Amazônia:
"As responsabilidades são compartilhadas. Numa ponta você tem aqueles que cortam e destroem a floresta. Depois, vêm aqueles que compram a área desmatada; um terceiro grupo vai comprar os produtos gerados naquela área e industrializá-los, e outros vão comprar estes produtos que foram fabricados de forma insustentável. Ou seja, há uma cadeia de responsáveis que começa pelo destruidor da floresta e termina com o consumidor final destes produtos."
André Guimarães disse ainda na entrevista à Rádio Sputnik que a Amazônia acumula em suas árvores grandes estoques de carbono e que a sua derrubada provoca a liberação destes gases, provocando mudanças climáticas. Além disso, a região concentra 10% dos estoques de água doce da Terra. Logo, a Amazônia tem uma função importantíssima para manutenção dos equilíbrios climático e hídrico do planeta.
Para o engenheiro ecologista André Guimarães, é preciso trabalhar na conscientização e na educação ambiental:
"Existe responsabilidade do governo pelo desmatamento da Amazônia? Claro que sim. Mas a sociedade também tem um papel a desempenhar na preservação. Quanto mais forem trabalhadas as questões ambientais, quanto maior for a consciência da necessidade dos cuidados com esta área, menores serão os riscos de devastação. Todos nós devemos nos sentir responsáveis pelos cuidados com a Amazônia."