Em setembro de 2015, quando tinha 18 anos de idade, Anas Modamani, natural da capital síria, Damasco, tirou um selfie com a chanceler alemã Angela Merkel junto ao centro para refugiados Spandau, em Berlim. A foto viralizou nas redes sociais e fez de Modamani o refugiado mais famoso na Alemanha.
Entretanto, a imagem também resultou em outra história viral que ocorreu seis meses depois, trazendo consequências negativas para Modamani.
Sua efêmera semelhança com Najim Laachraoui, terrorista de origem marroquina e um dos homens-bomba responsáveis pelos atentados no aeroporto de Bruxelas, em março de 2016, provocou boatos na Internet afirmando que teria sido Laachraoui e não Modamani que tinha tirado o selfie com Merkel.
Merkel selfy with Brussels terrorist pic.twitter.com/Br4IlIgYEb
— dave rocki (@RockiDave) 25 de março de 2016
Pouco depois, o boato foi refutado, a identidade de Modamani foi publicada. Entretanto, as histórias sobre Modamani continuam circulando no Facebook.
Recentemente, tem havido falsas informações de que Modamani teria feito parte de um bando de sete migrantes que queimaram um desabrigado que estava dormindo no metrô de Berlim na madrugada de 25 de dezembro.
A rede social está enfrentando uma ação judicial por não ter conseguido remover estas duas histórias de circulação.
Chan-jo Jun, o advogado que representa Modamani, comunicou à Bayerischer Rundfund que a história foi partilhada 500 vezes no Facebook, cujos representantes continuam reiterando que a história não viola as regras da comunidade.
"Para o Facebook, notícias falsas e ofensas não representam uma violação das ‘regras da comunidade', mas violam a lei alemã", explicou Jun.
O advogado, que já apresentou várias demandas contra o Facebook, adiantou que ele planeja aproveitar o processo para provar que as leis alemãs também se aplicam ao Facebook.
No ano passado, Modamani, que vivia em uma família de acolhimento em Berlim desde janeiro de 2016, afirmou estar chocado e angustiado com as notícias falsas.
"Estou na verdade triste com a conduta das pessoas que falam disto. Eu apenas quero viver em Berlim e que me deixem em paz", confessou.
Em uma entrevista ao jornal alemão Bild em junho do ano passado, o refugiado também explicou que ele se deu conta de que tinha tirado selfie com a chanceler alemã apenas após ter sido informado por seus amigos sírios.
"Só depois vim a saber que ela é líder da Alemanha", revelou.