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Cuidado, jornalista: a informação pode custar sua vida

© AFP 2023 / Antonio ScorzaCresce violência contra jornalistas
Cresce violência contra jornalistas - Sputnik Brasil
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Agressões contra jornalistas no Brasil não param de crescer. Só no ano passado, houve um aumento de 17,52% nos casos, que totalizaram 161 em relação a 2015. O levantamento foi apresentado nesta quinta-feira, 12, no Rio, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), ao divulgar o Relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa.

O documento, apresentado na sede do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, revela que houve um aumento de 24 casos de agressões em relação a 2015. Agressões, porém, não são os números mais preocupantes do estudo, que aponta ainda dois casos de assassinatos de jornalistas e de cinco comunicadores no ano passado. As agressões físicas também cresceram: foram 58 casos, nove a mais do que em 2015, repetindo a mesma tendência preocupante de anos anteriores.

O estudo enumera ainda 26 casos de agressões verbais, 24 de ameaças ou intimidações, cinco de atentados, três casos de censura, 18 cerceamentos à liberdade de imprensa através de ações na Justiça, 13 impedimentos de exercício profissional, 10 prisões, detenções ou cárceres privados. Os 161 casos de violência vitimaram 222 jornalistas, uma vez que em vários episódios mais de um jornalista foi agredido.

O relatório também incluiu a morte de 22 profissionais de imprensa que estavam a bordo do avião da LaMia que levava o time da Chapecoense à Colômbia, em 29 de novembro, para disputar a primeira partida das duas finais da Taça Sul-Americana com o Nacional. O acidente registrou o maior número de mortes de jornalistas da história em acidentes aéreos.

Em entrevista à Sputnik, a presidente da Fenaj, Maria José Braga, diz não haver justificativa para o crescimento da violência contra jornalistas no Brasil. Diante do registro de muitos casos de agressõesa, a federação já cobrou medidas do Estado brasileiro e das empresas de comunicação, mas a violência continua crescendo.

Com relação à segurança dos profissionais — que muitas vezes colocam as vidas em risco acompanhado operações policiais e tendo que vestir coletes à prova de bala —, Maria José diz esperar que essa realidade mude.

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"Nossa expectativa é que os jornalistas voltem a ir para as ruas apenas com o gravador, a câmara, o celular, o bloco de anotações e a caneta. A sociedade brasileira precisa entender a importância do jornalismo e precisa valorizar e respeitar esse trabalho. Infelizmente o que estamos vivendo no Brasil é quase um estado de exceção apesar dele não estar instituído oficialmente." 

Segundo a presidente da Fenaj, os maiores agressores dos jornalistas em 2016, assim como em 2015, foram os policiais militares. 

"Isso é inadmissível. A força de segurança tem que estar nas ruas para proteger a sociedade e o trabalhador no exercício de seu seu trabalho. No Brasil, os policiais estão agredindo deliberadamente os jornalistas, não é algo acidental. Sempre que os jornalistas registram a ação abusiva dessas forças de segurança eles se tornam alvo. O segundo maior agressor são os próprios manifestantes, o que prova uma situação de intolerância, de ódio exacerbado no Brasil, onde as insatisfações às diferenças estão sendo resolvidas na violência. Isso é barbárie", diz Maria José.

Apesar do aumento da violência contra jornalistas, a dirigente diz que, embora preocupantes, os casos não se equivalem a um país em estado de guerra e mesmo a um país como o México em que a forças nacionais não dão conta do crime organizado. Segundo ela, o relatório aponta um número muito grande de casos porque são registrados todo o tipo de agressão à categoria desde os assassinatos e as tentativas, as agressões físicas e mesmo as verbais, que têm sido muito frequentes.

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