Neste momento a Noruega não tem mísseis que possam se juntar à defesa antimíssil liderada pelos EUA, no entanto, isso não representa um obstáculo para se juntar ao sistema. A Dinamarca também não tinha tais mísseis quando se juntou à defesa antimíssil em 2014. Pelo contrário, os dinamarqueses estão trabalhando para equipar suas fragatas com sistemas de radar avançados para ajudar a detectar e monitorar alvos no âmbito da defesa antimíssil.
Segundo disse Stale Ulriksen, investigador da Academia Naval da Noruega, a Noruega poderá se tornar rapidamente parte do escudo antimíssil da OTAN quando realizar as modernizações necessárias dos seus radares. No entanto, é possível que a adesão ao escudo antimíssil da OTAN seja uma má prioridade para a Noruega, avisou Ulriksen.
"Neste caso, nós seríamos forçados a disponibilizar navios em regime de rotação para todas essas tarefas. A participação na defesa antimíssil irá nos enfraquecer em outras áreas. Hoje, a Marinha funciona com base em fundos limitados e poderá ser forçada a usar mais dinheiro e efetivos para cumprir essa tarefa", acrescentou Ulriksen ao Klassekampen.
De acordo com Sverre Lodgaard, antigo diretor do Instituto dos Assuntos Internacionais Norueguês (Norwegian Institute of International Affairs, NUPI), o escudo antimíssil dos EUA teve fraca justificação desde o início.
"Após o acordo nuclear que foi assinado com o Irã em 2015, a realidade mudou. A OTAN acredita que hoje ainda existe necessidade para o escudo de defesa antimíssil, mas diz que ele já não está direcionado para o Oriente Médio. Contudo, é um fato que o programa de defesa antimíssil dos EUA causou muitas preocupações na Rússia e China", frisou Sverre Lodgaard ao Klassekampen.
"Os investimentos são grandes, mas ninguém sabe para que servem", adicionou.
É importante destacar que, nos últimos 15 anos, a Noruega passou de opositora ao escudo antimíssil a firme apoiante dos planos da OTAN.
Wilhelmsen opina que a participação da Noruega no escudo antimíssil da OTAN seria um grande passo abandonando uma política equilibrada em direção aos EUA e à OTAN. No pior caso, isso poderá resultar em um conflito armado, avisou.
Além disso, Wilhelmsen chamou atenção para as preocupações da Rússia com o fato que a defesa antimíssil poderá ser rapidamente transformada em uma arma ofensiva. Por isso, na opinião dela, a participação no escudo antimíssil seria má ideia nas circunstâncias atuais.
"Nós estamos dentro de uma espiral de rearmamento que poderá resultar em um conflito militar. Agora, isso é expressado por exercícios militares e implantação de instalações militares. Mas poderá facilmente levar a confrontações se continuarmos perseguindo essa linha em vez de encontrar pontos de comunicação", sugere.
A análise de defesa está sendo preparada pelos cientistas do Estabelecimento de Pesquisas de Defesa da Noruega (Norwegian Defense Research Establishment, FFI) e da Agência da Defesa Antimíssil dos EUA (US Missile Defense Agency, MDA). Em resumo, a Noruega poderá se tornar parte da defesa antimíssil da OTAN em um ano.