Com o lema "Democracia, direito dos povos e do planeta", o encontro recebe o apoio de diversas entidades e movimentos sociais não só do Brasil, como da América Latina e de outros países. Em seu primeiro dia, o encontro discutiu a defesa das lutas e resistências no Brasil, na América Latina e no mundo. O evento, que se encerra no próximo sábado, 21, no Parque Farroupilha, na capital gaúcha, oferece aos participantes diversas eventos, atividades político-culturais, mostras, expressões artísticas e atos políticos.
Membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, uma das entidades de apoio ao encontro, Jorge Abrahão falou com exclusividade à Sputnik Brasil e contou os objetivos do evento este ano.
"O Fórum Social, mais do que nunca, tem um papel hoje no contexto em que a gente vive no Brasil e no mundo, de fazer reflexões sobre alternativas para permanecer avançando com políticas que tragam qualidades de vida à população. O que está contecendo no mundo com a questão da vitória do Trump e na América Latina, com transformações de governos no Brasil com o impeachment e com a Argentina, traz desafios enormes para que a gente não tenha retrocessos numa série de políticas que foram conquistas da sociedade de uma forma geral", diz Abrahão.
Segundo o representante do Instituto Ethos, as discussões em Porto Alegre são um contraponto ao Fórum de Davos que discute a economia a serviço dos grandes grupos empresariais.
"Aqui, o fórum tenta olhar como a economia possa trazer mais justiça social. Existe a visão de um medo que se coloca: a ideia de que os países devem se fechar, manter seus status que excluem os mais pobres, os migrantes. Essas ideias estão prevalecendo nesses países mais desenvolvidos. Em países em desenvolvimento como os nossos, na América Latina, por exemplo, a questão é como a gente pode estar cada vez mais radicalizando nossa democracia, estimulando a participação da sociedade para que se possa manter e avançar em conquistas importantes. Não temos como seguir em um país em que seis pessoas têm a mesma riqueza de 100 milhões de pessoas", afirma Abrahão.
Segundo ele, o nosso modelo está levando a isso, se mostrando insustentável, na medida em que não se consegue permanecer por muito tempo com um grande grupo de pessoas excluídas.
"Isso não faz sentido nem para as empresas. Elas têm interesse em criar espaços que tenham equilíbrio social, que possam ampliar o seu crescimento. É uma falta de bom senso não se aproveitar a qualidade que um país pode dar do ponto de vista de distribuição de renda, de qualidade de vida. Aqui no fórum se discute muito como a economia pode estar a serviço das pessoas mais carentes, ou como se consegue ter uma distribuição maior de renda, erradicar a pobreza, trazer acesso às populações de forma geral. O que está se debatendo é como a sociedade civil pode pressionar para isso", conclui Abrahão.