Mesmo com Raul Jungmann assegurando que não haverá contato entre os militares e os presidiários, a socióloga Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, questiona a atuação das Forças Armadas nos presídios:
"Tenho minhas dúvidas se as atribuições dos militares nos presídios, anunciadas pelo ministro, não serão as mesmas que as polícias militares e os agentes penitenciários executam rotineiramente, que é a inspeção das celas além da apreensão e recolhimento de todo material proibido de estar nas mãos dos presos, como armas, telefones celulares e quaisquer outros meios de comunicação. Militares são treinados para defender o Estado e a integridade territorial do país, não para lidar com criminosos que estão recolhidos em presídios."
Segundo Raul Jungmann, os militares estarão prontos em até 10 dias para iniciar seus trabalhos nos presídios. Sua tarefa básica será inspecionar o interior das celas e evitar novos motins como os que vêm acontecendo desde o início do ano em presídios dos Estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, com sérios riscos de a onda de violência se espalhar pelo país.
Para ter direito à presença dos militares nos presídios, os governadores dos Estados e do Distrito Federal terão de oficiar ao Governo Federal, fazendo a solicitação.
Basicamente, os militares entrarão nas celas para realizar trabalhos de inspeção, recolhendo tudo de irregular que for encontrado, como armas, munições, telefones celulares e quaisquer outros objetos cuja posse for proibida.
Ao anunciar para a imprensa como os militares atuarão nos presídios, Raul Jungmann destacou:
"Nós estamos contribuindo para que se reduza a possibilidade de novas rebeliões e também para reduzir a letalidade, essa tragédia que nós estamos observando. Mas é preciso o concurso das polícias, do Ministério Público, da Justiça, enfim, para que a gente possa superar esse tipo de situação. O que as Forças Armadas estão dando é a sua contribuição, diga-se de passagem, uma contribuição que vai além da sua principal tarefa, que é a defesa da pátria."