Além de Dilma, a espionagem atingiu também ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), membros do Congresso e até diretores de grandes empresas brasileiras, entre elas a Petrobras.
A informação foi divulgada pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden, que se encontra exilado na Rússia há três anos. No mea culpa, Rhodes reconheceu que o espisódio estremeceu as relações entre os dois países, e lamentou que os EUA, por mais que tenham se esforçado para retomar as relações, não tenham alcançado esse objetivo diplomático.
"Não há outro país no mundo com que nosas relações sofreram mais por causa dessas revelações", disse Rhodes, que viu no vazamento um esforço deliberado de interesses em prejudicar o relacionamento dos EUA não só com o Brasil como também com tradicionais aliados europeus, como Alemanha e França. Lá também a chanceler Angela Merkel foi espionada, assim como o presidente francês François Hollande.
Para o coordenador do Programa de Pós-graduação de Economia Política Internacional da Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), Carlos Eduardo Martins, a autocrítica de Rhodes tem pouco resultado prático.
"Democratas acendem uma vela a Deus e outra para o diabo. Faz parte um pouco da política centrista dos democratas tentarem fazer um mea culpa, a apostarem num caminho mais coperativo, pacífico. Entretanto, a gestão Obama foi profundamente desestabilizadora para os regimes políticos mais avançados da América Latina. Obama não fez nenhuma autocrítica pelo fato de declarar a Venezuela amaeça aos Estados Unidos, por exemplo. O Brasil foi um dos países mais interceptados por espionagens. Segundo declarações do Snowden, o Brasil teria tido, durante a gestão do Obama, dois milhões de interceptações de comunicações privadas, situando-se no ranking de interceptações muito acima da Rússia, da Alemanha e da França", diz Martins.
Na viisão do coordenador da UFRJ, agora os democratas tentam fazer uma aproximação com forças políticas na América Latina mais avançadas, numa tentativa de rever relações — Cuba está dentro desse espectro.
"Acho que o governo Obama, em seu final, tenta se diferenciar do que vai ser a administração republicana do Trump que, ao que tudo indica, vai ser mais dura ainda do que foi a gestão Obama. Acho que atende muito mais a uma tentativa de mostrar para a população latina nos Estados Unidos que os democratas são diferentes dos republicanos para qualquer tentativa de mudança dessa administração em relação à América Latina."