"A sobrevivência da maioria das civilizações antigas dependia de um fator crucial — o acesso à água. O estudo da forma como seus habitantes dispunham da água e a utilizavam ajuda a entender como a humanidade se adapta às novas situações e por que razão muitas pessoas continuam a praticar a economia natural mesmo sem ter necessidade disso", afirmou Cameron Petrie, cientista da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
Naquela época, formou-se o sistema de comércio urbano e "internacional", a planificação das povoações municipais, surgiram as instalações sanitárias, foram padronizados as medições e os pesos, e, consequentemente, a influência da Civilização Indiana se espalhou por todo o continente.
Após o ano 1900 a.C. ela começou a cair em declínio, o que os cientistas relacionam com as mudanças climáticas, ou seja, o clima virou mais frio e seco devido à atenuação das monções.
Por outro lado, os dados mais recentes em relação ao clima da Terra ao longo dos últimos 10 mil anos demonstram que o clima do Indostão (subcontinente indiano) mudou de modo brusco nas épocas anteriores a esta, o que leva os cientistas a discutir por que é que a Civilização Indiana não morreu antes.
Petrie e seus colegas decidiram investigar como é que as civilizações do Vale do Indo conseguiam sobreviver durante as secas. Para isso, os cientistas foram efetuar escavações nas margens de um lago seco que se situa perto de um dos centros da Civilização Indiana, Rakhigarhi.
Aqui, Petrie e seus colegas descobriram vestígios de um sistema peculiar de cultivação de produtos agrícolas que indicava que os habitantes da região produziam vários tipos de legumes e cereais ao mesmo tempo. Isto fez os cientistas concluir que, deste modo, os habitantes de Rakhigarhi e dos arredores se salvaram das secas.
Foi graças a isso que os agricultores da época conseguiam aguentar as secas periódicas, já que uma má safra no Verão poderia ser compensada por uma safra melhor de um cereal de inverno.
Nos séculos seguintes, as precipitações se reduziram muito e se mantiveram assim ao longo de quase 300 anos, o que levou à seca completa do lago e, segundo afirmam os pesquisadores, ao despovoamento das cidades nas suas margens.