Aparecido Dias Jacob vive no asilo há 23 anos, após ter passado um bom tempo morando na rodoviária do município sofrendo de sequela da paralisia infantil. Em maio de 2014, conheceu Valdemira Rodrigues de Oliveira que nasceu na cidade e passou a vida trabalhando como lavadora e empregada doméstica. Segundo ele, foi amor à primeira vista. E a festa de noivado não fez por menos. Realizada com ajuda de doações e do trabalho de 150 voluntários, foi feita em grande estilo com direito a cebeleireiro, maquiadora, fotógrafo e até banda.
Indagado se gostou da festa, Jacob é direto:
"Melhor não poderia ser. Eu a conheci no asilo, onde estou há 23 anos. Logo que chegamos, já nos gostamos, conversamos e já namoramos. Eu fiz o pedido para ela e ela gostou. A festa teve um montão de gente, banda da jovem guarda, os Canarinhos da Viola. Fiquei muito emocionado e ela também", diz o agora noivo.
O projeto foi inspirado em uma iniciativa semelhante de um asilo de Portugal. Um grupo de voluntários propôs repetir a experiência em Pirassununga e deu certo.
A coordenadora do Nossa Senhora de Fátima, Estelina Lima, diz que, em Portugal, os residentes escreviam o nome em um quadro com o texto "Eu ainda quero" e completavam com o seu desejo. A experiência foi repetida aqui, e com sucesso.
"No primeiro projeto, um idoso pediu para conhecer o campo do Palmeiras e todos os jogadores. Ele foi e até ganhou camisas autografadas. O segundo foi o de um residente do asilo que queria voar de avião. O terceiro era de um idoso que queria ser militar mesmo que por um dia. A unidade do Exército em Pirassununga se mobilizou fez a roupa e até os coturnos. Ele ficou de 9h até 13h30 no quartel, recebeu aula de tiro e diversas atividades. Às 6h veio o comandante pessoalmente buscá-lo com um carro acompanhado por três carros blindados e mais de 100 militares batendo continência para ele", lembra Estelina.
Agora o asilo Nossa Senhora de Fátima tem mais dois sonhos para serem realizados.
"Dois querem ir a praia e três, ao baile. Dois têm necessidades especiais, mas se eles não podem ir ao baile, o baile vai até eles. Os outros confundiram um pouco o sonho. Quando se perguntou para alguns, um falou: 'Eu não sonho, eu deito, durmo e não sonho', recorda Estelina.