Trump pode descartar acusações contra China sobre manipulação monetária

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Donald Trump, provavelmente, não irá usar o rótulo de manipulador monetário em relação à China, como o fez em seus discursos pré-eleitorais, porque o yuan se revelou muito mais forte do que ele esperava.

Isso foi declarado pelo candidato a embaixador dos EUA na China, Terry Bronsted, relata a agência Bloomberg. A declaração foi feita durante uma conferência de industriais em Altoona, Iowa, onde Terry Bronsted é governador.

"Eu penso que o movimento está ocorrendo na direção oposta àquela que o presidente pensava que seria. Obviamente, a moeda sempre envolve certos problemas."

A declaração de Bronsted foi feita apenas um dia depois de, em 31 de janeiro, Trump ter dito, durante uma reunião com farmacêuticos, que a China e o Japão estão "jogando com o mercado monetário, enquanto nós estamos lá sentados, como uma pilha de bonecos".

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Pouco depois, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou sua intenção de esclarecer pessoalmente a questão em uma reunião com o presidente dos EUA. O encontro na Casa Branca está agendado para 10 de fevereiro. A China, por sua vez, não comentou a situação tão rapidamente. Aparentemente, porque ela não viu nada de novo e original nesta nota. A perspicácia política da China, como se viu, fez o seu trabalho — o futuro embaixador dos EUA na China como que cancelou mais um ataque duro contra a China.

O especialista do Instituto do Desenvolvimento Moderno, Nikita Maslennikov, disse à Sputnik China que a China e os Estados Unidos ainda se estão avaliando mutuamente. As partes estão programando um corredor de oportunidades, dentro do qual serão tomadas decisões de compromisso:

"Está decorrendo uma troca de pontos de vista, as partes dão sinais uma à outra antes de iniciarem uma discussão séria sobre o futuro, transformando, naturalmente, suas relações tomando em conta as promessas pré-eleitorais de Trump e a partir do ponto de vista das capacidades chinesas. Eu não descarto que os EUA possam aumentar as taxas de importação sobre produtos chineses. Mas isso pode ser um passo demonstrativo — não em 45 por cento, como foi indicado por Trump, mas, por exemplo, em 5 por cento. Entretanto, a ideologia dessas ações será a seguinte: nós aumentamos as taxas exatamente na medida em que vocês não abrem vosso mercado. Um dos relatórios de novembro do Fórum Econômico Mundial indica que a China ocupa apenas o 61º lugar entre 136 países em termos de abertura do mercado e assistência ao comércio transfronteiriço de bens e serviços. Já em termos de abertura do mercado interno, sobretudo financeiro, a China está mesmo em 121º lugar. Portanto, a China tem muitas reservas para reduzir, pelas suas ações, a ameaça de ações protecionistas dos Estados Unidos."

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Os observadores acreditam que a China e os Estados Unidos vão usar a forma de pacotes de decisões na construção da tática das suas relações. Isto significa que um lado estará disposto a retirar suas exigências ou ameaças em troca de preferências num ou noutro setor. Uma dessas áreas, em que as partes terão que equilibrar seus próprios interesses, é o princípio da liberdade de comércio, considera o especialista do Instituto da Europa da Academia de Ciências russa Yury Rubinsky:

"Em Davos, Xi Jinping atuou como o líder da segunda economia do mundo e da primeira potência comercial mundial. Ele falou como defensor das realizações do comércio livre. Além disso, ele declarou diretamente que não haverá vencedores numa guerra comercial, todos irão perder. Este anúncio foi bem recebido por todos os participantes do Fórum Econômico Mundial, o que, é claro, foi óbvio e importante. Ao mesmo tempo, nos mesmos dias, na revista Foreign Affairs apareceu um artigo sobre este caso que foi publicado de forma muito atempada. Nele se reconhecia o interesse real da China no comércio livre, mas se disse que ela não pode pretender o papel de líder, porque mantém vários métodos protecionistas do mercado chinês, que ainda não é reconhecido por todo mundo como uma economia de mercado. Até ao ponto de haver discriminação das empresas americanas na China. Em geral, as atitudes relativas à liberdade do comércio da China e dos EUA devem ter, aparentemente, colidido."

Ao mesmo tempo, os observadores prestaram atenção à declaração de ontem (1) do governador de Iowa, Terry Bronsted, que ele se vê como "uma ponte" entre Donald Trump e Xi Jinping. Bronsted está muito otimista no sentido de que ambos os países podem encontrar uma linguagem comum no comércio, incluindo no comércio agrícola.

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O futuro embaixador dos EUA na China é chamado de "velho amigo do presidente chinês, Xi Jinping". O governador de Iowa conhece pessoalmente Xi Jinping. O primeiro encontro entre eles aconteceu em 1985, quando Xi Jinping liderava uma delegação agrícola da Província de Hebei que veio a Iowa para aprender experiência de gestão avançada das autoridades deste estado.

Os especialistas prestaram atenção ao fato de que, no âmbito da formação da nova equipe da Casa Branca, o nome do novo chefe da missão diplomática dos EUA na China tenha sido um dos primeiros candidatos a embaixadores dos EUA no exterior. E a proximidade de Terry Bronsted aos negócios é uma boa premissa suavizar divergências políticas para benefício da cooperação comercial e económica, acredita o especialista do Instituto de Estudos dos EUA e Canadá, Pavel Zolotarev:

"Neste caso, o futuro embaixador tem muito mais chances do que habitualmente. A principal ligação entre a China e os EUA é uma sólida base econômica conjunta. Em assuntos militares, as partes podem mostrar seja o que quiserem, trocar não importa que declarações. No entanto, com uma base econômica tão forte, quaisquer que sejam as relações, elas nunca vão atravessar uma linha perigosa."

Falando de taxas cambiais, o próprio Trump admite a possibilidade de manipulação da moeda americana. O valor do dólar pode ser reduzido, um dólar mais fraco pode vir a ser mais útil do que um dólar forte. Aqueles que trabalham na economia, no sector financeiro, nas empresas em geral, têm suas próprias visões de manipulação da moeda. E, neste caso, se verifica que as abordagens americanas podem coincidir com as chinesas, tendo em conta as últimas declarações. Portanto, a escolha de um embaixador que domina todas estas questões e conhece pessoalmente Xi Jinping é uma boa escolha para o estabelecimento de relações construtivas sino-americanas.

O especialista também chamou a atenção para a recente declaração de Donald Trump de que ele gostaria de construir boas relações com a China e a Rússia. Ou seja, ele mencionou ambos os países.

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