Baranets, especialista em assuntos de defesa no jornal russo Komsomolskaya Pravda, afirma que as palavras de Pavel foram pronunciadas na sequência da retórica controversa do presidente recém-eleito dos EUA, Donald Trump, que durante sua campanha eleitoral afirmou que a OTAN é uma organização "ultrapassada" e ineficiente, chegando até a ameaçar dissolvê-la.
Entretanto, ao discursar na base aérea de MacDill, no estado da Flórida, no início desta semana, Trump fez uma reviravolta inesperada, assegurando que os EUA expressam apoio total à OTAN.
"Bem, ele o disse e pronto, mas isto não é suficiente para acalmar os receios da Europa, por isso eu considero as palavras do general Pavel como uma tentativa de aliviar os receios europeus desencadeados por Trump anteriormente", disse Barenets à Sputnik República Tcheca.
"Pavel tentou convencer mais uma vez os aliados norte-americanos que a Aliança não está indo embora e que os EUA estão comprometidos a defender seus aliados europeus", adiantou.
Porém, apesar das afirmações do general tcheco, o efeito dos recentes ataques verbais de Trump contra a OTAN continua a se sentir até agora.
Na França, a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen prometeu, caso seja eleita, fazer o país sair da Aliança Atlântica, tal como o presidente De Gaulle fez na década de 60. No entanto, nessa época a França acabou por voltar.
As Forças Armadas dos países europeus (França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Polônia) estão na lista dos exércitos mais fortes do mundo e seu potencial convencional conjunto é equivalente ao da Rússia, que é vista como país agressor por muitos políticos e grandes mídias europeus.
"Na presidência de Obama, as despesas da OTAN eram pagas pelos EUA em 75%, sendo que apenas 5 dos 28 membros da OTAN cumpriam a percentagem estabelecida pela Aliança, ou seja, 2% do PIB gasto com defesa. Na República Tcheca, este índice é apenas de 1,1 por cento. É por isso que eles estão totalmente satisfeitos com todas estas bases militares que estão sendo construídas no seu território. O 'Tio Sam' nos defenderá. Uma tática muito cínica, mas ela funciona", expressou o observador militar russo.
Viktor Barenets adianta que a Rússia, em geral, saúda a ideia do exército pan-europeu que poderia se encaixar no Conceito de Segurança Europeia de Moscou:
"Seria mais fácil para nós conversar com eles, nós até poderíamos concordar em integrar algumas das nossas estruturas nas suas. Em qualquer caso, isto ajudaria a aliviar as tensões que temos com a Europa."
"Neste caso, poderíamos nos livrar dos fossos da Guerra Fria que foram escavados na presidência de Obama. A Europa se separaria do ‘domínio' da OTAN e teríamos um mundo completamente diferente, bem como um novo tipo de relacionamento com a Europa", sublinhou Baranets.