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Vai faltar água? Cariocas protestam após aprovação da venda da Cedae na Alerj

© Sputnik / David CostaManifestantes protestam contra a privatização da Cedae no centro do Rio de Janeiro
Manifestantes protestam contra a privatização da Cedae no centro do Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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Com 41 votos a favor e 28 contra, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta segunda-feira o projeto de lei para a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). A notícia que pegou de surpresa muitas pessoas, já que a previsão era a de que a votação só seria concluída nos próximos dias.

Com a aprovação do projeto, o governo do Rio alega que vai poder usar as ações da Cedae como forma de garantia para conseguir novos empréstimos, no valor de R$ 3,5 bilhões, junto à União, segundo acordo firmado no Plano de Recuperação Fiscal do estado. 

No centro da capital fluminense, representantes de movimentos sociais e sindicatos, organizaram protestos contra o resultado do pleito, que, segundo eles, não trará benefícios para a população. 

De acordo com a equipe do deputado Marcelo Freixo, do PSOL, um dos maiores opositores à privatização da companhia, ao contrário de que declaram aliados do governador Luiz Fernando Pezão, a Cedae é uma empresa lucrativa, que vale entre R$ 10 e R$ 14 bilhões. Para o partido, vender um bem público para pegar um empréstimo que não cobrirá nem dois meses de folha dos servidores ativos e inativos do estado não faz sentido algum. 

"A negociação do governo é insignificante diante do rombo de R$21.5 bilhões nas contas estaduais", disseram os assessores do parlamentar, destacando que há muitas razões para não apoiar a venda da empresa.

© Sputnik / David CostaRepresentantes de diferentes grupos se juntam em protesto contra a venda da Cedae
Vai faltar água? Cariocas protestam após aprovação da venda da Cedae na Alerj - Sputnik Brasil
Representantes de diferentes grupos se juntam em protesto contra a venda da Cedae

Ainda segundo a equipe de Freixo, essa privatização, "feita às pressas, sem ouvir ninguém", não tem lógica alguma se comparada a processos semelhantes ocorridos em outros países, onde muitas cidades que optaram por passar o controle da água e esgoto para a iniciativa privada decidiram retomar o controle público. 

"A privatização causou altas taxas e piora no serviço dos bairros mais pobres, já que grandes empresas em geral não têm interesse em investir nesses locais" afirmaram.

A opinião dos funcionários

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio-Ambiente do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ), Sérgio Monteiro, parabenizou os 28 deputados que votaram contra a autorização da venda da Cedae.

"Esses 28 guerreiros provaram que não se vendem ao poder público em troca de secretarias e afins, e firmaram seu compromisso. Esses, certamente, serão reconhecidos pelos nosso e pelos nosso pares nas eleições que vêm.

Sérgio Monteiro diz que, de modo geral, os processos de privatização não beneficiam o povo, e dá como exemplo as vendas recentes de empresas públicas nas áreas de energia, transporte e mesmo telecomunicações, cujas tarifas no Brasil estão entre as mais caras do mundo.

"É só ver o que aconteceu com os trens, com as barcas, o metrô. Está provado que o governo tem que estar sempre subsidiando. Agora estão querendo retornar as barcas para o governo do estado. E por que daria certo justamente no saneamento, na água? A guerra mundial no futuro não será em função do petróleo, será da água. O grande capital internacional já está se apossando dos mananciais no mundo. E nós estávamos na vanguarda  da resistência. A nocividade da entrega da Cedae é a ponta do iceberg que vai passar o pacote de maldades do governo do estado contra os servidores e que não vai beneficiar o Estado do Rio de Janeiro."

Segundo o vice-presidente do Sintsama-RJ, a população começou a entender que a entrega da Cedae ao capital estrangeiro, a população vai pagar pela água e também pelo esgoto. Na visão de Monteiro o fim do subsídio cruzado — que faz com que o rico pague pela água e o pobre a receba, mesmo sem condição de pagar — vai fazer o povo sofrer. O sindicalista observa que, além do aspecto corporativo da preservação do emprego, a luta em defesa da Cedae é muito maior.

"A Cedae está fazendo o Guandu 2, que vai acabar com o problema de falta dágua na Baixada, os investimentos do sistema Imunana-Laranjal, que vai beneficiar cerca de 1,5 milhão de pessoas em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e outras localidades. A ordem do governo, mancumunados federal e estadual, é depreciar a empresa e fazê-la mal vista pela população."

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