O grupo, que homenageia a cultura árabe, promete muita animação no desfile que acontece na segunda-feira de carnaval, dia 27 de fevereiro, a partir das 16h, no Pontal do Leblon, na Zona Sul do Rio.
Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, um dos fundadores da agremiação e autor da marchinha oficial do bloco composta na língua árabe, o professor de física, Filipe de Moraes Paiva conta que o grupo surgiu há cerca de quinze anos, mas na ocasião foi uma iniciativa da sua esposa e da professora dela de formar um bloco com seu grupo de dança do ventre. Paiva disse que na época integrou a bateria do bloco. O tempo passou e há quatro anos, o bloco "Ali Babou e suas 40 Odaliscas" chegou com força total no carnaval de rua do Rio, após a sua composição do samba árabe, chamado "Salam".
"Esse bloco surgiu na verdade há 15 anos. Foi a minha esposa e mais a professora de dança do ventre dela que resolveram no Carnaval formar um pequeno bloco de dançarinas de dança do ventre e eu sai junto tocando um atabaque árabe, o derbak. Saímos uma vez só, foi só um ano e recentemente há cerca de cinco anos em compus esse samba em árabe e assim resolvemos reeditar o bloco. Convidamos várias pessoas para tocar junto. Tem percussionistas que tocam percussão árabe e percussionistas tocando percussão brasileira e vamos cantando o samba em árabe."
Sobre a composição em árabe, Filipe explicou que não foi tão difícil assim, pois já tinha o hábito de criar sambas em outras línguas.
"Esse samba surgiu, porque eu já tinha uma tendência a fazer samba em várias línguas. Eu tinha feito um samba em espanhol, um samba em esperanto e aí alguém me disse, porque você não faz um samba em árabe? Aí imediatamente me veio o refrão da música que é al salam aleikum, ua aleikum salam (que a paz esteja com você, e com você também). A partir daí fui aprendendo algumas palavras em árabe e compus o resto do samba. São palavras muito simples, são coisas como: bom dia, boa noite, obrigado, de nada. Tem um trecho especial que tem uma frase que pergunta: Há bailarinas do ventre aqui?, aí a resposta é: Sim, tem bailarinas a esquerda, direita, atrás e a frente, ou seja tem bailarina em todo o lugar, já que é um bloco de bailarinas de dança do ventre."
Mesmo dizendo que o seu samba em árabe é apenas uma junção de palavras positivas, Filipe diz que ele foi aprovado por um turista líbio, que viu o bloco desfilando. "Apareceu uma vez um engenheiro da Líbia, que estava em um congresso aqui, nos viu passando, ficou encantado nos de ver pessoas cantando em árabe e veio atrás. Ele adorou o samba. Nós pedimos até para ele traduzir o samba para português e ele foi capaz de traduzir certinho, mostrando que ele tinha entendido todas as palavras só pelo o que estávamos cantando, não precisou nem ler, a nossa pronúncia estava muito boa."
O fundador do "Ali Babou e suas 40 Odaliscas", ressaltou que no desfile os integrantes se vestem a caráter e muitas vezes são roupas originais e não fantasias. "A maioria das pessoas do bloco são professoras e alunas de dança do ventre, todas tem roupas de dança árabes. Muito comum os maridos e namorados se tornarem percussionistas, então eles também tem roupas árabes, vão comprando para as apresentações, vem todo mundo realmente fantasiado com roupa árabe, algumas são roupas mesmo, são nem fantasias."
O bloco conta ainda com uma bateria especial que inclui tradicionais pandeiros, bumbos e tamborins brasileiros com típicos instrumentos árabes. Além do samba em árabe e um momento de apresentação de percussão e danças do folclore árabe, as tradicionais marchinhas do carnaval brasileiro também estão presentes no desfile. Mesmo sendo um bloco bem acústico, Filipe revela que este ano ele terá ala coreografada e tem certeza que como nos anos anteriores vai chamar a atenção dos cariocas e turistas. "É um bloco todo acústico. Nós não temos aparelho de som, não faz muito barulho, não dá para atrair uma multidão gigantesca, porque quem estiver muito longe já não vai ouvir mais nada, mas essa é a nossa ideia de fazer um bloco para nós mesmos, que estamos ali no desfile cantando o samba. O forte da bateria são os instrumentos árabes, que são o tabel, que é um tambor bem grande, muito parecido com o nosso zabumba; o derbak, que é um tambor menor, e tem pandeiros árabes; snujs, que são parecidas com as castanholas, só que de metal e temos também a parte brasileira, que são meus alunos de pandeiro."
Segundo o professor, a grande mensagem que o bloco quer deixar é que árabes e brasileiros possam pular o carnaval todos juntos e em paz.
"Que podemos curtir o Carnaval todos juntos, árabes e brasileiros, estamos todos em paz, muito bem. Entre a população não existe guerra. A guerra não é entre as pessoas, é entre os governos. O povo não quer saber de guerra."
Para o desfile deste ano, o bloco não tem um tema, mas Filipe já pensa no carnaval de 2018, onde a agremiação vai cantar a história de "Ali Baba e os 40 Ladrões".