'Caçamos seres humanos': confissão dura de operador de drones americanos

© AFP 2023 / Bonny SchoonakkerUS Predator unmanned drone armed with a missile setting off from its hangar at Bagram air base in Afghanistan, November 27, 2009.
US Predator unmanned drone armed with a missile setting off from its hangar at Bagram air base in Afghanistan, November 27, 2009. - Sputnik Brasil
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Desde o início da “guerra contra o terrorismo” lançada por George W.Bush em 2001, o uso de veículos não tripulados se multiplicou. Brandon Bryant, ex-operador de drones, falou com a Sputnik sobre quem está por detrás destes robôs letais.

No início do primeiro mandato do presidente Barack Obama, o então diretor da CIA Leon Panetta sublinhou que o uso de aeronaves não tripuladas era a única forma de combater os terroristas no Paquistão sem que os EUA sofressem baixas. As palavras de Panetta faziam referência aos insucessos sofridos durante as operações dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

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Segundo informou James Clapper, ex-diretor da inteligência nacional, durante os mandatos de Barack Obama, os ataques efetuados por drones causaram entre 64 e 117 mortos entre a população civil em vários países. Entretanto, as organizações de defesa dos direitos humanos consideram que este número é irrisório e que as baixas civis reais provocadas por este tipo de ataques é muito maior, chegando a um milhar de pessoas, segundo comunicou o Comité de Jornalismo Investigativo.

Nos EUA, os militares responsáveis por pilotagem à distância destas aeronaves não tripuladas, ou seja, os operadores de drones, recebem treinamento especial, embora este seja totalmente insuficiente e irrelevante, já que nunca se pode ser preparado para o fato de que eles terão que matar outros seres humanos, declarou à Sputnik Brandon Bryant.

"Ironicamente, não se prepara uma pessoa para fazê-lo… De fato, lá ensinam como dirigir as máquinas, nada mais. A propósito, tínhamos voos de teste que consistiam no seguinte: sobrevoar a Área 51 em busca de alguma pedra que servisse de alvo e destruí-la completamente com lazeres e mísseis. Nunca nos prepararam para caçar pessoas, mas na realidade é isso que temos feito. Rastreamo-los como se fossem animais selvagens", recordou o ex-piloto da Força Aérea americana.

Enquanto os operadores gerenciavam estes veículos se pareciam cada vez mais com "robôs-assassinos". Os superiores hierárquicos consideravam estas operações como uma diversão.

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"Muitas vezes vinham alguns coronéis e outros oficiais e se tornaram viciados nisso. Seus rostos mostravam desejo e êxtase. Um dia, um deles veio quanto estávamos acompanhando uma escolta. Uma missão de rotina. Este oficial perguntou: ‘Isto se realiza em direto? Diga a eles que saiam dos veículos, que comecem a disparar, quero me divertir", contou Brandon Bryant.

O ex-militar confessa que queria "se encaixar, ser um deles, estar orgulhoso" do seu trabalho, mas ao abandonar seu posto se deu conta de que "eles não sabem o que é a honra e a dignidade e não compartilham os valores do Exército".

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