Acordo nuclear em ação: Irã planeja exportar milhões de barris do petróleo para Rússia

© AP Photo / Vahid SalemiFuncionário do setor petrolífero iraniano vai de bicicleta perto da refinaria petrolífera no sul de Teerã, Irã
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Enquanto a União Europeia está "paralisada" à espera que Trump esclareça sua postura quanto ao Irã, Moscou e Teerã começaram a aproveitar as possibilidades que se abrem em consequência da celebração do Plano de Ação Conjunto Global em 14 de julho de 2015 entre os países do P5+1 e Irã, explicou à Sputnik o especialista persa Omid Shokri Kalehsar.

Tanto a Rússia como o Irã buscam construir relações comerciais duradouras apesar da indefinição em respeito ao país persa que reina atualmente entre os países ocidentais, assinalou o ministro do Petróleo iraniano, Bijan Zangeneh, quem se reuniu com seu homólogo russo, Aleksandr Novak.

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Em resultado do encontro, o Irã planeja firmar nas próximas duas semanas um acordo para vender à Rússia 100 mil barris do petróleo por dia, comunica a agência iraniana Iranian Students News Agency (ISNA), se referindo ao comunicado do ministro do Petróleo do Irã. O ministro assinalou que em troca do fornecimento diário de "ouro preto", Teerã receberá metade do pagamento em dinheiro e a outra metade em bens e serviços.

Zanganeh frisou que a venda do petróleo iraniano à Rússia ampliaria o potencial das exportações graças ao envolvimento de um vasto leque de clientes. O titular da pasta iraniano também realçou: "Visamos construir relações comerciais duradouras com os russos e minimizar as flutuações que os países ocidentais geram".

Em uma entrevista à Sputnik Persa, o especialista iraniano em assuntos de energia Omid Shokri Kalehsar confirmou:

"Com efeito, enquanto os países do Ocidente estão hesitando, se resguardando e esperando por passos de Donald Trump em relação ao Irã, a Rússia se torna o primeiro 'recetor' do petróleo iraniano após o levantamento das sanções."

Para entender a situação atual, vale relembrar o registro das relações russo-iranianas nos anos anteriores. Nos anos 2011 e 2012, quando a UE impôs sanções ao Irã no setor energético por seu programa nuclear, a imprensa veiculou ativamente a questão do chamado "acordo de troca de petróleo" entre Teerã e Moscou.

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Mais que isso, o ministro do Petróleo iraniano confirmou estas informações. "Naquele momento, houve um acordo de que o Irã exportaria à Rússia 500 mil barris de petróleo por dia em troca do dinheiro que o Irã gastaria com a compra dos produtos, tecnologias e equipamentos russos, além dos serviços. Aquele arranjo recebeu o nome de 'acordo de troca'. Porém, após a celebração do acordo nuclear entre o Irã e os países do P5+1 e o início do Plano de Ação Conjunto Global sobre o levantamento das sanções iranianas, a necessidade de tal cooperação entre os nossos países desapareceu", explicou o analista.

Porém, tudo mudou após o recente encontro dos ministros da Energia.

"É evidente que a Rússia e o Irã visam ampliar sua parceria no setor energético. Isso é beneficiado pelo clima geopolítico e pela proximidade das nossas posturas quanto à questão síria e aos assuntos regionais. Por isso, tais gigantes energéticos [russos] como a Lukoil ou a Gazprom estão interessados e dispostos a investir na produção energética iraniana", precisou Omid Shokri Kalehsar.

Isto é vantajoso não só para as empresas russas, mas também para o próprio I, sendo que ele, hoje em dia, está necessitando de investimentos no setor energético no valor de 100-150 bilhões de dólares, detalhou o analista. Deste modo, através dos parceiros russos, o Irã pode aumentar sua produção de hidrocarbonetos, bem como reforçar sua postura no mercado petrolífero global, adiantou.

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"É graças à cooperação sólida e benéfica com as empresas petrolíferas russas no passado que a Lukoil e a Gazprom, muito provavelmente, voltarão e se fixarão no setor energético iraniano. Além disso, há uma grande possibilidade de que serão as empresas russas que tomarão parte da mineração das novas jazidas que o Irã partilha com os Estados árabes", prediz o analista.

Afinal das contas, por que a Rússia e não os países do Ocidente? É verdade que após a celebração do acordo nuclear iraniano estes países também manifestaram interesse pelo setor energético iraniano. Mas muitos problemas no setor bancário não foram resolvidos e atrapalham a Europa na prática, explica Omid Shokri Kalehsar.

"Mais um fator de contenção é o fato de Donald Trump ter assumido a presidência nos EUA. É por isso que eles todos estão esperando por próximos passos da Casa Branca em relação ao acordo nuclear iraniano. Porém, esta questão não afeta as empresas russas. Eles têm suas próprias leis, regras e políticas. Por isso elas podem se fixar no mercado petrolífero iraniano mais rapidamente", concluiu.

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