Na cidade costeira de Namie, a apenas 4 km da usina nuclear, os javalis percorrem as ruas vazias em busca de comida. Quando os humanos tentam voltar, eles são recebidos por animais selvagens de dentes ensanguentados, com cerca de 90 quilos de peso.
"Não é realmente claro agora quem manda na cidade, as pessoas ou os javalis selvagens", diz Tamotsu Baba, prefeito de Namie. "Se não nos livrarmos deles e transformarmos a zona em uma cidade cheia de humanos, a situação ficará ainda mais selvagem e impossível".
Embora a ordem de evacuação de Namie tenha sido levantada, mais de metade dos 21.500 residentes decidiram não voltar. Eles deixaram a cidade há seis anos, e as preocupações sobre os altos níveis de radiação permanecem. As autoridades japonesas afirmam, contudo, que os níveis de radiação em Namie voltaram aos níveis anteriores ao acidente.
Na cidade vizinha de Tomioka, equipes de caçadores colocam armadilhas com farinha de arroz e tentam caçar os javalis com armas. "Depois que as pessoas saíram, [os javalis] começaram a descer das montanhas e agora não voltam", disse o caçador local Shoichiro Sakamoto à agência Reuters.
Fontes japonesas estimam que cerca de 13 mil javalis se instalaram na zona exclusiva. A prefeitura de Fukushima está oferecendo uma recompensa para "inspirar" os caçadores.
Entretanto, os animais se reproduzem rapidamente. O período de gestação é apenas de quatro a cinco meses, em média nascem entre quatro a seis leitões. Os pequenos javalis vão tornar-se, em apenas 2 anos, omnívoros agressivos.
Não há evidências de que a radiação tenha afetado adversamente os javalis, embora duas a três gerações destes animais tenham vivido na zona irradiada. "Tenho certeza de que funcionários de todos os níveis estão pensando nisso", disse Hideo Sato, da Namie, à Reuters. "Algo deve ser feito."