Abaixo de luzes regulares, a espécie em questão é comum em toda a América Latina e esteticamente atraente — seu exterior é coberto por uma camada de verde com pontos pequenos amarelos e vermelhos. No entanto, quando as luzes desaparecem, dando lugar à radiação ultravioleta (UV), a rã brilha, emitindo azul e verde pulsantes.
The South American polka dot tree frog is the first fluorescent frog to be discovered: https://t.co/iDTTv6r01r pic.twitter.com/xJ05KI7lPq
— Nature News&Comment (@NatureNews) 14 de março de 2017
Fluorescência é a capacidade de absorver a luz em curtos comprimentos de onda, reemitindo-a em comprimentos de onda mais longos. Tal fenômeno é incomum em animais terrestres e, antes da última descoberta, não havia casos entre anfíbios.
Cientistas do Museu de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia de Buenos Aires descobriram acidentalmente ao estudar a pigmentação das rãs em questão. O grupo, inicialmente, acreditava que as criaturas pudessem exibir fluorescência vermelha por conter um pigmento chamado biliverdin. Tipicamente, o biliverdin é responsável pela mudança de cor dos tecidos e ossos para verde, embora possa emitir um fulgor fluorescente vermelho em alguns insetos.
Fluorescence in frogs https://t.co/NwwI5EJXdL @sciam @AnnaNowo
— PNAS (@PNASNews) 14 de março de 2017
Quando a equipe apontou uma lanterna UV para as rãs, elas emitiram um brilho intenso nas cores azul e verde, ao invés de vermelho opaco. Outra pesquisa indica que o brilho é criado por três moléculas fluorescentes (hyloin-L1, hyloin-L2 e hyloin-G1) no tecido linfático da rã, da pele e secreções glandulares — elas contêm uma estrutura de anel e uma cadeia de hidrocarbonetos. Estas moléculas são as únicas entre partículas fluorescentes conhecidas em animais — embora propriedades moleculares semelhantes possam ser encontradas em plantas.
As moléculas fluorescentes recém-descritas emitem uma quantidade enorme de luz, fornecendo 18% de luz visível como a emitida pela lua cheia — o suficiente para que encontrem a rã. Todavia, pouco se sabe sobre o sistema visual da rã ou fotorreceptores, sendo assim, a equipe pretende aprofundar no assunto para determinar se as rãs podem usar sua fluorescência para ver seus ambientes e identificar uns aos outros.
Julian Faivovich, um dos pesquisadores do projeto, pretende pesquisar a fluorescência em outras 250 espécies de rãs que possuem traços semelhantes ao do Hypsiboas Punctatus. Ele espera que a descoberta inspire interesse no fenômeno nos outros pesquisadores.
"Eu realmente espero que outros colegas se interessem por este fenômeno, começando a levar uma lanterna UV para o campo", disse ele.
Já que a fluorescência requer a absorção de luz, tal fenômeno não pode ocorrer em total escuridão, distinguindo-a da bioluminescência, que permite aos organismos emitir luz através de reações químicas internas. Muitas criaturas do oceano são fluorescentes, incluindo corais, peixes, tubarões e tartaruga-de-escamas.
Hawksbill sea turtle pic.twitter.com/Tv1vHD0jxT
— Кристина (@Kurisu_Kitsune) 12 de março de 2017
Em se tratando de criaturas terrestres, fluorescência foi antes detectada em papagaios e alguns escorpiões. Os cientistas ainda estão tentando determinar o propósito exato desta qualidade — embora explicações especulativas incluam atração de companheiros, camuflagem e comunicação.