Para o PSOL, um dos partidos que atenderam à convocação, as manifestações comprovam que a população começa a rejeitar os efeitos dos ajustes fiscais apresentados pelo governo. O presidente nacional do PSOL, Luis Araújo, diz que a ida da população às ruas tem a ver com as denúncias de corrupção, mas também com as consequências que virão com a reforma da Previdência na vida das pessoas, especialmente das mulheres.
"No Dia 8 de Março (Dia Internacional das Mulheres) já havia manifestações acima das expectativas. Pela primeira vez, desde a onda conservadora, categorias profissionais pararam para protestar contra as medidas de austeridade, e isso é um bom sinal, porque o governo não vai ter vida fácil. Se essa manifestações crescerem, talvez tenhamos capacidade de impedir que o próximo ato da política de ajustes seja consumado, que é a reforma da Previdência e colado nela a reforma trabalhista", diz Araújo.
O presidente do PSOL afirma que o governo aposta em colocar panos quentes nas investigações que atingem membros do primeiro escalão, baseando-se no sigilo das delações de empresários, o que considera absurdo. A estratégia, segundo ele, é dar tempo para que as reformas pretendidas se realizem.
"Acontece que a economia continua patinando, o desemprego continua crescendo. Com a reforma da Previdência, apesar de toda a propaganda mentirosa do governo, as pessoas começam a fazer conta do que realmente vai acontecer na vida delas. Um requisito para estar no governo é estar citado na Lava Jato. Se trocou o José Serra, que saiu escondido do governo. Todo mundo do governo adoece quando sai na lista. O José Serra saiu para sair do foco, mas o Aloysio Nunes (novo chanceler) também está na lista. Não tem como não falar de corrupção no Brasil desde a Nova República que não tenha o PMDB envolvido. É um partido de ocupação de espaços, assim que ele cresceu, e isso desgasta o governo", diz o dirigente.
Araújo aponta, porém, uma contradição. O fato de que, como tem maioria parlamentar, o governo acreditava que poderia baixar qualquer medida. A estratégia na visão do presidente do PSOL, é, a cada ataque sofrido, acelerar as reformas.
"Acontece que política não é uma ciência exata. Essas manifestações de hoje foram muito mais massivas do que as anteriores. Aquela colocação de que só era contra quem defendia o governo da Dilma é outro momento: as pessoas estão indo às ruas lutar por seus direitos. Não é a força toda que precisamos, mas já é suficiente para nos animar e conseguir mais", diz o presidente nacional do PSOL.