'CIA dava ordens a presidente sírio através do presidente dos EUA', diz advogada de Chacal

© AFP 2023 / Eric FEFERBERGIsabelle Coutant-Peyre, advogada e esposa do terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, e advogado suíço Marcel Bosonnet antes do início do processo judicial, em 13 de março de 2017
Isabelle Coutant-Peyre, advogada e esposa do terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, e advogado suíço Marcel Bosonnet antes do início do processo judicial, em 13 de março de 2017 - Sputnik Brasil
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O famoso terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, mais conhecido pelo apelido Carlos, O Chacal, compareceu em tribunal no âmbito de um processo datado de 1974, sendo que os procedimentos começaram nesta segunda-feira (13) e continuarão até final do mês.

A maior intriga deste processo deve ser não a própria sentença, mas os novos detalhes da vida do terrorista internacional.

O caso em questão está relacionado com o atentado na galeria comercial Drugstore Publicis em Paris, alegadamente cometido pelo venezuelano em 1974, que deixou dois mortos e 34 feridos.

Em 1979, na edição Al Watan Al Arabi surgiu uma entrevista na qual o Chacal reconheceu que tinha cometido o ato terrorista e lançado uma granada. Já depois, durante o processo judicial, o arguido afirmou que nunca tinha concedido tal entrevista e não se reconhecia como culpado.

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No decorrer de três semanas, o processo será julgado por um júri especial que consiste exclusivamente de juízes de carreira que deverão ouvir os depoimentos de 17 testemunhas e dois especialistas. Espera-se que este seja o último processo contra Ilich Ramírez Sánchez na França.

A Sputnik França falou com Isabelle Coutant-Peyre, um dos cinco advogados e, ao mesmo tempo, esposa de Carlos, e lhe perguntou sobre os detalhes do processo.

"O processo permitirá lançar luz sobre uma história sem precedentes para a vida internacional… As pessoas não sabem o que está passando na vida política dos outros países. E nós temos alguns pormenores. Nem tudo é assim tão preto e branco como afirma a acusação", partilhou.

A representante da defesa também confessou:

"Isto não é uma tribuna política. Ele contou sobre aquilo que se passa nos bastidores da diplomacia, nas relações entre os países. E quando você vê que já naquela época a CIA se envolvia em tudo o que se passava no mundo, e que ela até conseguia dar ordens ao presidente sírio através do líder norte-americano, isto é algo que as pessoas mal sabem."

Frisemos, entretanto, que os representantes das vítimas dos atentados têm uma visão muito cética quanto a tais declarações. O presidente da Associação das Vítimas do Terrorismo Francesas (AfVT), Guillaume Denoix de Saint Marc, afirmou à Sputnik que "as vítimas apenas querem que a justiça seja cumprida, querem receber respostas sobre se Carlos é culpado ou não. Sem ideias preconcebidas ou vingança", adiantou.

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As próprias vítimas e seus familiares ainda não compareceram nesse processo com 40 anos de idade, porém, segundo o chefe da AfVT, uma delas, que no momento do atentado tinha 10 anos, planeja viajar da Espanha para se apresentar como testemunha no tribunal.

O Chacal foi detido em Cartum, capital sudanesa, em 1994 e extraditado para a França. Em 1997, um tribunal francês o sentenciou a prisão perpétua pelo assassinato de 3 pessoas, inclusive dois funcionários das forças de segurança, em Paris no ano de 1975.

Mais tarde, o terrorista foi sentenciado a mais uma prisão perpétua por ter efetuado quatro atentados de que resultaram 11 mortos e 150 feridos no início da década de 80.

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