A maior intriga deste processo deve ser não a própria sentença, mas os novos detalhes da vida do terrorista internacional.
O caso em questão está relacionado com o atentado na galeria comercial Drugstore Publicis em Paris, alegadamente cometido pelo venezuelano em 1974, que deixou dois mortos e 34 feridos.
Em 1979, na edição Al Watan Al Arabi surgiu uma entrevista na qual o Chacal reconheceu que tinha cometido o ato terrorista e lançado uma granada. Já depois, durante o processo judicial, o arguido afirmou que nunca tinha concedido tal entrevista e não se reconhecia como culpado.
A Sputnik França falou com Isabelle Coutant-Peyre, um dos cinco advogados e, ao mesmo tempo, esposa de Carlos, e lhe perguntou sobre os detalhes do processo.
"O processo permitirá lançar luz sobre uma história sem precedentes para a vida internacional… As pessoas não sabem o que está passando na vida política dos outros países. E nós temos alguns pormenores. Nem tudo é assim tão preto e branco como afirma a acusação", partilhou.
A representante da defesa também confessou:
"Isto não é uma tribuna política. Ele contou sobre aquilo que se passa nos bastidores da diplomacia, nas relações entre os países. E quando você vê que já naquela época a CIA se envolvia em tudo o que se passava no mundo, e que ela até conseguia dar ordens ao presidente sírio através do líder norte-americano, isto é algo que as pessoas mal sabem."
Frisemos, entretanto, que os representantes das vítimas dos atentados têm uma visão muito cética quanto a tais declarações. O presidente da Associação das Vítimas do Terrorismo Francesas (AfVT), Guillaume Denoix de Saint Marc, afirmou à Sputnik que "as vítimas apenas querem que a justiça seja cumprida, querem receber respostas sobre se Carlos é culpado ou não. Sem ideias preconcebidas ou vingança", adiantou.
O Chacal foi detido em Cartum, capital sudanesa, em 1994 e extraditado para a França. Em 1997, um tribunal francês o sentenciou a prisão perpétua pelo assassinato de 3 pessoas, inclusive dois funcionários das forças de segurança, em Paris no ano de 1975.
Mais tarde, o terrorista foi sentenciado a mais uma prisão perpétua por ter efetuado quatro atentados de que resultaram 11 mortos e 150 feridos no início da década de 80.