No financiamento coletivo, a haitiana pretende arrecadar R$ 55 mil. Através do dinheiro ela quer comprar um terreno e construir uma escola na Comunidade de Bernard Gousse, no estado de Pestel, no sudoeste do Haiti, onde deu aulas para as crianças como voluntária por quatro anos, depois do terremoto que atingiu o país em 2010, matando 220 mil pessoas e do furacão Mattew em 2016.
O Haiti é considerado o país mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo. Ele ocupa a posição de 168º entre 187 países no Índice de Desenvolvimento Humano.
Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, Geneviève Chérubin, ou Gene como é conhecida, hoje dá aulas de francês em São Paulo, em um grupo de apoio a refugiados e imigrantes, o "Abraço Cultural", que a acolheu. no entanto, a professora contou que a vida não foi muito fácil ao chegar em São Paulo e ter que se virar sozinha. Na época, Gene dividia um apartamento com outros três haitianos. Com a ajuda que recebeu da "Missão da Paz", uma ONG que acolhe migrantes, imigrantes e refugiados aprendeu o português em um mês. Em seguida recebeu o apoio do Abraço Cultural, onde começou a dar aulas de francês.
"Como todas as pessoas que chegam em um país estrangeiro não foi fácil, mas eu me mantive positiva, sem desistir. Eu comecei a aprender o português na Missão da Paz e depois comecei a procurar trabalho, que não foi fácil, mas eu encontrei uma oportunidade no Abraço Cultural e comecei a dar aulas, palestras e também dando aulas de culinária haitiana."
Sempre disposta a ajudar ao próximo, Gene queria dar seguimento ao seu trabalho de voluntariado. Desta forma, teve a ideia do financiamento coletivo. A professora acredita que a criação da escola vai trazer uma nova esperança para aquelas pessoas carentes.
"Eu pensei porque não criar uma escola e continuar esse trabalho que eu fiz lá no Haiti para ajudar essas pessoas a ficarem mais independentes?"
Com o apoio de jovens brasileiros, Gene espera proporcionar um futuro e inspirar os haitianos que tanto desejam deixar o país após as tragédias do terremoto e do furacão a reconstruírem suas vidas em suas cidades. A ideia é desenvolver cada vez mais parcerias entre Brasil e Haiti para melhorar a situação de seu país.
"Eu quero criar essa relação entre brasileiros e haitianos. Eu acho que esses jovens lá vão fazer a coisa de um outro jeito. Foi por isso que eu comecei a fazer essa campanha. Minha vida vai ser no Brasil, mas eu quero ampliar essa relação entre o Brasil e o Haiti."
Além da escola, Gene quer junto com os voluntários brasileiros incentivar e investir na agricultura local e resgatar pelo ensino a língua materna o crioulo haitiano.