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Para produtores, é hora novamente de tocar o boi do pasto

© Flickr/NachoCarne
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Passados dez dias da deflagração da Operação Carne Fraca, que levou quase duas dezenas de países a suspenderem as importações da carne brasileira, produtores e especialistas concordam que o pior da crise já passou, e que o trabalho a ser feito agora vai ser de muita informação e transparência tanto no mercado externo quanto no interno.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, diz que, num primeiro momento, logo após a divulgação das denúncias da Operação Carne Fraca, ficou bastante preocupado com os impactos sobre a imagem do Brasil no exterior, uma vez que havia todo um clima para que houvesse dupla interpretação e generalizações sobre a qualidade do produto exportado. Ele diz que não tem qualquer reparo quanto ao objetivo da operação, mas sim como a forma como ela foi divulgada.

"A imagem do Brasil foi arranhada que lá pelas tantas eram sucessivas as medidas acauteladoras dos países suspendendo embarques. Passados dez dias a gente viu que a verdade está reposta: a relação (com os países importadores) não foi à toa, foi construída com seriedade, os produtos fiscalizados aqui e lá fora. Um a um, os países foram cedendo numa postura muito tranquila, muito serena. Isso permitiu que em dez dias houvesse a quebra de algumas barreiras a partir da União Europeia, Japão, a China, que resistia, agora há pouco Hong Kong, todos vendo que a verdade estava do nosso lado", diz Turra.

Carcaças de carne no frigorífico - Sputnik Brasil
Balança da exportação de carne brasileira ainda mostra receita indigesta

O dirigente garante que a carne brasileira é impecável, competitiva e o Brasil nunca registrou casos de gripe aviária, assim como peste suína clássica como existe em vários países. O presidente da ABPA diz que o cenário é mais positivo, mas não de todo tranquilo, porque o estrago foi grande e o reparo vai exigir tempo e transparência. Para Turra, tanto houve consciência de ter havido excesso na Operação Carne Fraca que a própria Polícia Federal emitiu uma nota em conjunto com o Ministério da Agricultura confirmando isso. No encontro na semana passada entre empresários, governo e Polícia Federal, os produtores pediram que o ministro Blairo Maggi e o presidente Michel Temer entrassem em campo para "resgatar uma injustiça brutal".

"Você imagina o Brasil parando frigoríficos, 4,1 milhões de trabalhadores diretamente com aves e suínos, US$ 8 bilhões de exportação. A gente tem notícia o dia inteiro de políticos corruptos, mas nem por isso todos os políticos são corruptos, juízes que venderam sentenças, delegados que também falharam na execução de suas tarefas e nem por isso a gente pode generalizar. Temos exemplos de pessoas da maior dignidade", afirma Turra, que foi ministro da agricultura no governo Fernando Henrique.

Para o presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária, Sebastião Costa Guedes, também presidente em exercício do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), passados dez dias da divulgação da operação os países exportadores começam a entender que o caso foi baseado na denúncia de casos específicos e bastante pontuais dentro do universo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e do Ministério da Agricultura. Guedes cita algumas das sugestões que foram apresentadas ao governo.

"É preciso identificar os culpados e puni-los com severidade, porque eles causaram um problema enorme para o mercado interno, onde temos que convencer as donas de casa a comprar produtos brasileiros de boa qualidade. É preciso punir os funcionários envolvidos nesses atos e também os empresários, que são poucos, mas malandros, que querem consertar problemas maquiando. Isso não é mais possível. O Brasil tem uma responsabilidade enorme no cenário internacional como produtor de alimentos e precisa separar o joio do trigo", diz Guedes.

O dirigente lembra que há também outras prioridades, como a erradicação da febre aftosa no país. Segundo ele, o ministério vai começar, a partir de 2018, a retirar a vacinação em muitos estados, o que vai permitir o ingresso do Brasil, em maior escala, em mercados que exigem que o gado importado não seja vacinado, como Japão, Coreia do Sul e Indonésia.

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