De acordo com o Procurador Roberson Pozzobom, o esquema de corrupção realizado na estatal era quase hereditário. O ex-gerente da Petrobras, Roberto Gonçalves substituiu Pedro Barusco na gerência de Engenharia de Serviços da estatal, de março 2011 a maio de 2012. Com isso, Gonçalves também passou a receber as propinas no lugar do antecessor, que é um dos delatores da Lava Jato, condenado na operação por lavagem de dinheiro, corrupção e associação criminosa. Ex-funcionários envolvidos no esquema também permaneciam recebendo propinas mesmo já fora da estatal.
"Mesmo após os funcionários da Petrobras corrompidos saírem da estatal eles continuavam recebendo por até três anos valores das empresas corruptoras, quando não tinham qualquer influência naquele cargo. Hoje nós vivemos uma verdadeira herança a propina. Foi revelado a partir de diversas colaborações, documentos e cooperações internacionais, que quando Pedro Barusco, que ocupava a diretoria de engenharia da Petrobras saiu do cargo e foi para a Sete Brasil, ele foi sucedido por Roberto Gonçalves. Isso foi no ano de 2011. Na sucessão do cargo também se passou o bastão da propina. Pedro Barusco conversou com executivos da UTC, da Odebrecht e falou: a partir de agora quem vai receber propina em favor da gerência de engenharia da Petrobras será Roberto Gonçalves, conversem com ele", detalhou Pozzobom.
Já o procurador Julio Noronha destacou a sofisticação do esquema de corrupção na Petrobras. "É mais uma fase que evidencia sofisticados esquemas de lavagem de dinheiro e de pagamento de propina decorrentes de contratos da Petrobras. Depois de diversas medidas investigativas, como o afastamento de sigilo bancário e fiscal, quebra do sigilo de e-mails, medidas de buscas e apreensão, e, sobretudo, a partir de provas transferidas por meio de colaboração internacional, transferidas as autoridades brasileiras por meio autoridades suíças, foi possível fazer o pedido e ao juiz da 13ª Vara Federal decretar a medida de prisão preventiva do ex-gerente executivo da Petrobras Roberto Gonçalves, e também deferir mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais de pessoas ligadas a corretoras de valores Advalor."
Ainda de acordo com as investigações da Força-Tarefa da Lava Jato somente em uma das contas na Suíça de Roberto Gonçalves, foram identificados depósitos de US$ 3 milhões que teriam sido pagos pelo departamento de propina da Odebrecht.
O ex-gerente da Petrobras já tinha sido preso temporariamente em novembro de 2015 nas investigações da Lava Jato. Na ocasião, Gonçalves negou possuir contas no exterior. Desta vez, em prisão preventiva, Roberto Gonçalves não terá prazo para ser liberado.