Amal Hag-Hamdo Anfalis, mulher com passaporte espanhol, acusa nove efetivos dos serviços de segurança e de inteligência sírios de terem detido em 2013 seu irmão, cidadão sírio, e depois de ele ter sido torturado, o terem executado.
A promotoria era contra esta demanda, pois não se trata de um crime em relação a um cidadão espanhol, mas o magistrado Velasco tomou a decisão de considerar a demanda de Amal Hag-Hamdo Anfalis relativamente a possíveis "crimes de terrorismo, tortura, desaparecimento forçado, crimes contra a humanidade e crimes de guerra".
Entre as testemunhas que figuram no caso estão Amal Hag-Hamdo Anfalis, irmã do homem morto na Síria, um ex-médico legista, conhecido como César, que dispõe de um arquivo com dados (50 mil fotos) sobre 6 mil pessoas, que alegadamente estavam detidos e foram executadas em certos "centros de detenção ilegais". Javier Espinosa, um jornalista espanhol que foi sequestrado na Síria por islamistas em setembro de 2013 e libertado seis meses depois, também vai testemunhar no processo.
Julián Jiménez, professor, blogger e especialista em mídia partilhou com a Sputnik Mundo a sua opinião em relação ao assunto:
"Tudo isso parece ainda mais absurdo tomando em conta a inação da justiça espanhola relativamente aos crimes cometidos no tempo de Franco. Há muitos crimes impunes na Espanha para que ela possa intervir nos assuntos dos outros países", opina o blogger espanhol.
"Imaginem: um magistrado espanhol pretende considerar um processo de acusação de terrorismo contra um governo que combate o terrorismo. Seria melhor que usassem esse zelo para se ocuparem dos verdadeiros extremistas que lutam contra poder legítimo na Síria", sublinha Jiménez.
O professor não exclui a possibilidade de que esta deliberação possa ser uma tentativa para dificultar as negociações entre o governo sírio e a oposição que estão sendo realizadas em Genebra.