O analista político Sergei Sudakov, professor da Academia de Ciências Militares, disse à Rádio Sputnik que as observações de Dehghan devem ser vistas como uma mensagem para a liderança dos EUA.
"O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, referiu-se ao Irã como o primeiro Estado terrorista. Isto é uma acusação séria que exige provas. O Irã está claramente ciente de que os EUA poderão levar a cabo ações mais radicais, inclusive uma ação militar. Foi por isso que o ministro iraniano enviou uma mensagem destinada a impedir a retórica agressiva de Washington [para Teerã]", observou o analista.
Em 30 de março, Dehghan disse que o Pentágono deve retirar seu pessoal do golfo. "Qual é o negócio das tropas dos EUA no golfo Pérsico? É melhor eles deixarem a região e não causarem problemas para os países da região", disse ele à Mehr News.
Esses comentários vieram depois que o general do Exército Joseph Votel, chefe do Comando Central dos EUA, descreveu o Irã como "a maior ameaça de longo prazo para a estabilidade" do Oriente Médio. Ele também disse que Teerã está atuando ostensivamente em uma "zona cinzenta". O general Vogel também não descartou que o Pentágono possa usar "meios militares" para interromper as atividades do Irã.
Sudakov disse ainda que o Irã se tornou mais autoconfiante nos últimos anos, acrescentando que essa tendência se tornou visível depois que os países do P5+1 e Teerã assinaram o Plano Conjunto de Ação (JCPOA, sigla em inglês). Este acordo pretende garantir que o Irã se abstenha de desenvolver armas nucleares em troca de alívio de sanções.
"O Irã tem mais autoconfiança do que há quatro ou mesmo um ano atrás, o que não é apenas produto de fatores econômicos ou das relações mais próximas do Irã com a China e a Rússia, por exemplo. O Irã recebeu avançados sistemas de defesa aérea S-300 da Rússia", disse ele. "O Irã também faz parte de uma coalizão envolvida no conflito sírio. Terrã coordenou eficazmente suas atividades com o Exército Árabe Sírio. O Irã melhorou sua posição no Oriente Médio. E isso incute-lhe confiança de novo."
Tal como a Rússia, o Irã está participando da operação antiterrorista na Síria, após um pedido de Damasco.