A pesquisa da TNS Global para a agência de notícias Sputnik mostrou que mais de quatro em cada dez alemães (43%) disseram que uma das maiores razões para o crescimento da popularidade de partidos de direita na Europa é o fato do eleitorado ter sentido que promessas vazias não foram cumpridas.
A mesma opinião foi compartilhada por 33% dos entrevistados na Grã-Bretanha e 40% dos ouvidos na França.
De acordo com o especialista político Avigdor Eskin, parte da conclusão está intimamente ligada aos partidos políticos tradicionais.
“Muitos europeus explicaram a sua escolha [por partidos de direita] dizendo que ‘por um longo período todos os partidos tradicionais ofereceram programas políticos praticamente idênticos’. Isto é, estamos testemunhando uma crise profunda do sistema e da ordem política atual”, escreveu Eskin à RIA Novosti.
“A perda de confiança nos políticos e no sistema social como um todo é a raiz do problema, e a insatisfação com a chegada de imigrantes pode ser vista como uma consequência”, completou o especialista.
Em entrevista ao Sputnik, o especialista político Alexander Kamkin afirmou que a crise migratória tornou-se a gota d’ água para os europeus. Ele acredita que o crescimento do sentimento de direita no continente começou há muitos anos, mas a recente crise dos refugiados “foi demais” para ser suportada.
“A crise migratória foi a gota d’ água, mas o crescimento dos sentimentos de direita podia ser observado antes disso. Esses sentimentos compõem um espectro bem amplo, incluindo o medo do excesso no desembarque de imigrantes, e as tentativas de preservar algumas tradições nacionais”, ponderou Kamkin.
Outro aspecto importante, na opinião de Kamkin, é que os movimentos de direita possam ser divididos entre moderados e radicais. Geralmente ambos são misturados, o que leva a alguma confusão.
“Neo-nazistas, diversos não-políticos e outros grupos políticos são agrupados todos juntos. Isto leva a uma certa confusão. Quando as pessoas falam sobre o crescimento dos sentimentos de ultradireita, e querem indicar, por exemplo, a AfD [Alternative para Alemanha, partido de extrema direita alemão], isso está incorreto”, comentou.