"Estou ansioso para esse depoimento. Vai ser a primeira oportunidade que terei de saber qual é a acusação contra mim, que tipo de prova eles têm. Até agora, a única coisa que ouvi dizer é que não devo esperar provas: o que eles têm convicção", disse Lula, em entrevista à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza.
Embora tenha reconhecido que Moro tenha “um papel importante para o país”, em razão das descobertas e avanços da Lava Jato no combate à corrupção, o petista também subiu o tom ao criticar o que chamou de “uso da imprensa para condenar antes de ter provas”.
“Prova significa documento, coisa escrita, conta bancária. Já quebraram meu sigilo, o sigilo da minha mulher, uma conversa minha com a Dilma [Rousseff, presidente alvo de impeachment em 2016]. Não sei qual o limite deles em invadir a minha vida”, afirmou Lula, que será ouvido no dia 3 de maio, às 14h.
Falando sobre o cenário político atual no país, o petista defendeu eleições diretas para presidente, o que seria uma forma do povo escolher o seu preferido pelo voto – uma crítica recorrente ao atual presidente da República, Michel Temer, que era vice de Dilma. Seria uma forma de retomar o “Brasil feliz”, que Lula atribuiu ao seu tempo no Palácio do Planalto.
O ex-presidente ainda disse respeitar Ciro Gomes, possível adversário na corrida presidencial em 2018, e criticou o prefeito de São Paulo, João Doria, que vem alfinetando seguidamente o petista com críticas e provocações.
“Ele [Doria] quer ser transformado em meu antagonista. Eu não farei isso por ele. O que ele precisa é governar São Paulo e parar com pirotecnia”, avaliou.
No cenário internacional, Lula chamou de “irresponsável” o ataque dos Estados Unidos contra a Síria. “É preciso saber se a Síria usou mesmo armas químicas. Diziam a mesma coisa sobre o Iraque em 2003 e até agora não encontraram nada […]. O mundo não precisa de mais guerra. O mundo precisa é de paz”, concluiu.