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Presidiários usam sobras de materiais e dão vida a brinquedos pedagógicos para crianças

© Divulgação/Agepen MSOs brinquedos são feitos com restos de madeira e tinta
Os brinquedos são feitos com restos de madeira e tinta - Sputnik Brasil
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Usando restos de materiais como madeiras e tintas, detentos da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS) criam brinquedos educacionais, que são doados para crianças em creches da cidade.

Recentemente, na última ação, 60 brinquedos pedagógicos foram entregues para 215 crianças, com idades entre 4 meses e 5 anos do Centro de Educação Infantil Laura Rodrigues de Oliveira, em Campo Grande.

O projeto "Educação Lúdica com Brinquedos Pedagógicos" surgiu há dois anos. A ação foi desenvolvida pela Agepen – Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul, após uma iniciativa do agente penitenciário, professor de história e educação física, Vinicius Saraiva de Oliveira.

Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, Vinicius contou que durante sua experiência como professor presenciou a dificuldade de encontrar nas creches municipais, principalmente as mais carentes e diante da crise financeira na educação, brinquedos que pudessem auxiliar os pequenos no processo de aprendizagem. O agente penitenciário viu então nos restos de materiais usados no presídio uma forma de aproveitar a habilidade dos presos e beneficiar também as crianças carentes.

"Eu via a necessidade, a falta do brinquedo e a falta de recursos dentro dessas creches e dentro da escola municipal que atende as séries iniciais. Eu vi uma oportunidade, porque há sobra de recicláveis, não só da madeira, mas também de garrafas pets, que iam para o lixo e vi que seria interessante usar aquilo em prol das crianças. Vários presos são aptos a trabalharem com isso e gostam também. Quando eu fiz a proposta para mexermos com brinquedos pedagógicos direcionados para as crianças e as creches o próprio preso se interessou."

Como professor Vinicius conta que não esperava o sucesso do projeto e se diz realizado com o que a doação dos brinquedos. "O projeto cresceu além do que eu esperava. Eu fico muito grato, porque quem está na realidade da creche, o professor, o pedagogo, o profissional de educação física, a própria recreadora, eles sabem o quão é necessário e quanta diferença faz nessa fase da vida da criança, que é o brincar."

© Divulgação/Agepen MSOs brinquedos pedagógicos são usados para incentivar a coordenação motora e os sentidos das crianças
Os brinquedos pedagógicos são usados para incentivar a coordenação motora e os sentidos das crianças - Sputnik Brasil
Os brinquedos pedagógicos são usados para incentivar a coordenação motora e os sentidos das crianças

Segundo o agente penitenciário, o projeto conta com seis detentos, que trabalham na produção dos brinquedos e, a cada três dias trabalhados, reduzem um dia da pena. O professor ressalta que para os presos auxiliar de alguma forma no processo de aprendizagem das crianças, produzindo brinquedos que vão incentivar a coordenação motora e os sentidos deles é motivo de orgulho.

"Eles ficam lisonjeados, até porque por várias vezes aqui na cidade eu me deparei com filhos deles recebendo a doação dentro das creches. O pai preso e a criança está lá na escola ou na creche. Até dentro da unidade prisional mesmo, eles recebem um certo respeito, uma admiração do próprio encarcerado."

© Divulgação/Agepen MSSegundo Vinicius, os presos que participam do projeto "recebem um certo respeito, uma admiração do próprio encarcerado."
Segundo Vinicius, os presos que participam do projeto recebem um certo respeito, uma admiração do próprio encarcerado. - Sputnik Brasil
Segundo Vinicius, os presos que participam do projeto "recebem um certo respeito, uma admiração do próprio encarcerado."

Sobre a qualidade e o grau educacional dos brinquedos Vinicius procura trocar experiência com a equipe educacional das creches e escolas, além dos próprios presos que também dão dicas de como as peças pedagógicas devem ser.

"De início foi uma coisa simples. Eu sentei com a diretora da escola, que me disse que com peças similares a de dama, se elas fossem coloridas com cores primárias e colocassem para as crianças, elas se identificariam e iam brincar. Eu fiz um teste, pedi aos presos, eles fizeram e levamos na escola. As crianças gostaram. A partir daí fomos pesquisando por brinquedos que dessem para serem feitos com essa sobra de madeira. Às vezes é custo zero porque temos sobra até da tinta, que são usadas em outros setores do trabalho."

Com o sucesso da iniciativa, o agente penitenciário já troca ideias com colegas de outros estados e espera que o projeto seja levado para outros presídios do Brasil. "Essa ideia deveria ser abraçada pela Prefeitura, pelo Estado. Nós temos uma mão de obra aqui ociosa e a falta lá do material e hoje está tão difícil de se ter investimentos nas escolas com a crise. Vemos os próprios professores tirando dinheiro do bolso para comprar os brinquedos. É algo aparentemente simples e excelente o resultado final."

 

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