Em entrevista exclusiva para a Spuntik Brasil, o Arqueólogo sírio, nascido em Damasco, e radicado no Brasil, Ahmad Serieh, que já está morando em São Paulo há quase 8 anos acredita que a fuga dos sírios para o Brasil se dá muito pela facilidade de se conseguir visto.
"É muito fácil entrar no Brasil. Para outro país da Europa, como Alemanha ou França é muito difícil o visto para o sírio. A maioria de sírios no Brasil tem família aqui, porque há muitos imigrantes sírios e libaneses e muitos tem tios, tias aqui e os ajudam."
Ahmad veio para o Brasil explorar sítios arquelógicos e aplicar aqui os seus conhecimentos do curso de doutorado realizado na Universidade de Varsóvia, na Polônia, mas ao se estabelecer em São Paulo e conhecer melhor o Brasil, o sírio mudou os planos e a permanência no Brasil, que seria inicialmente provisória, se tornou definitiva.
Mesmo com a violência diária estampada no Brasil, Ahmad diz que nunca se arrependeu ou teve medo de ficar morando aqui.
"Não tenho medo de morar no Brasil. Cada país tem o seu problema e o Brasil não tem grandes problemas. Durante oito anos eu nunca sofri violência, moro em paz, nunca fui roubado. Eu acho o Brasil um país muito bom para os sírios virem morar aqui. Todos os sírios que estão aqui, gostam de morar aqui. Todos trabalham, abrem restaurantes, há muitos técnicos, engenheiros e médicos. Eu tenho contato com muitos sírios e ninguém tem problemas aqui, todos vivem felizes aqui em São Paulo ou Curitiba."
Além de ministrar aulas e palestras sobre Arqueologia em instituições universitárias, Ahmad Serieh em 2010 chegou a abriu em São Paulo o Centro Cultural Árabe Sírio, que funcionou durante cinco anos e atualmente ele se dedica ao Instituto Bibliaspa, que é a Biblioteca e o Centro de Pesquisa América do Sul – Países Árabes – África. Neste Centro, os refugiados e migrantes são recebidos, aprendem a língua portuguesa e recebem orientação e auxílio para se adaptem mais rapidamente ao Brasil.
Segundo o arqueólogo, cada vez mais a sociedade brasileira acolhe melhor os refugiados.
"Cada vez muito melhor. O brasileiro recebe o refugiado muito bem, o sentimento é como se estivesse em casa."
No entanto, as dificuldades ainda existem para os refugiados que estão tentando recomeçar suas vidas no Brasil. Ahmad destaca a falta de uma maior atenção por parte do governo em oferecer opção de trabalho. "No início há a dificuldade para encontrar trabalho, dificuldade com a língua portuguesa e encontrar uma escola para aprender o português. Essa é a dificuldade para as crianças também, mas depois de um ano todo mundo se acostuma a viver no Brasil. O governo brasileiro só precisa ajudar mais o refugiado a encontrar trabalho, oferecer assistência de saúde e uma boa escola. É só o que o refugiado quer."