O artigo, escrito pelo jornalista Thomas Friedman e intitulado "Por que Trump está lutando contra Daesh na Síria", afirma que o presidente dos EUA, Donald Trump, deve permitir que o Daesh seja uma "dor de cabeça para Assad, Irã, Hezbollah e Rússia".
Além disso, o colunista traça um paralelo entre o grupo islamista "com traços de nazismo", sendo que este trava uma política de genocídio em relação aos yazidis, e os mujahidin que "os EUA encorajaram a derramar sangue russo". Vale ressaltar que os EUA, com efeito, gastaram centenas de milhões de dólares em apoio aos mujahidin.
O autor do artigo, publicado no The New York Times, começa sua matéria se perguntando: "Por que o nosso objetivo hoje em dia deve ser derrotar o Daesh na Síria? Claro que o Daesh é detestável e deve ser erradicado. Mas será que é realmente do nosso interesse nos estarmos focando agora somente em derrotar o Daesh?"
Porém, o blogueiro rebateu, observando que não há evidências que o Daesh tenha gasto a maior parte dos seus recursos na luta contra Assad. Em vez disso, assinala Frantzman, ele gastou a maior parte dos recursos no combate contra os curdos, na perseguição de minorias, explosão de santuários e lugares históricos, bem como crimes contra a humanidade de toda a espécie.
Além disso, "o Daesh minou a rebelião síria ao lutar contra outros grupos rebeldes na Síria", realçou.
De fato, o autor do artigo em questão diz abertamente que os EUA não devem facilitar o trabalho aos outros países assumindo o papel de líder na causa. Assim, Friedman diz:
"Poderíamos simplesmente nos afastar do combate territorial contra o Daesh na Síria e torná-lo um problema apenas do Irã, da Rússia, do Hezbollah e de Assad. Afinal, foram eles mesmos que ultrapassaram o limite na Síria, não fomos nós [os EUA]. Façam-nos travar uma guerra em duas frentes — contra os rebeldes moderados por um lado e contra o Daesh por outro. Se os EUA derrotassem o Daesh na Síria agora mesmo, apenas reduziríamos a pressão sobre Assad, o Irã, Rússia e Hezbollah, lhes permitindo alocar todos os recursos para eliminar os restantes rebeldes moderados em Idlib sem partilhar o poder com eles."
O blogueiro e "adversário" online do autor, por sua vez, desmente tais declarações, adiantando que os maiores grupos que o Daesh tem combatido na Síria ao longo de dois anos e meio são as YPG (Unidades de Proteção Popular) curdas e as Forças Democráticas Sírias. Porém, Friedman, o jornalista do NYT, prefere simplesmente ignorá-los.
Como prova, o jornalista independente publica uma captura de tela com um mapa no qual se vê que a frente de combate mais extensa que o Daesh tem é com os curdos (entre a zona amarela — curda — e negra, ou seja, jihadista). As fronteiras com as zonas controladas por Assad, por sua vez "são deserto aberto", por isso "Assad não investiu recursos sérios na luta contra o Daesh", bem como o Daesh também não o fez contra ele.
Frantzman se indigna, dizendo que "é difícil acreditar que isto tenha aparecido no maior jornal ‘mainstream' do país". O jornalista se pergunta se "ninguém aprendeu que a tragédia do Afeganistão se deu, em certa parte, por causa do apoio dos americanos que se foram, abandonando os mujahidin e permitindo que o Talibã se apoderasse do Afeganistão".
O blogueiro faz questão de lembrar que o Daesh não representa um islamismo "moderado", não é como a Irmandade Muçulmana ou o Hamas, nem mesmo como a Frente al-Nusra (Al-Qaeda na Síria).
"Eu estive há pouco em Qaraqosh no Iraque e vi o que o Daesh fez às igrejas lá, onde ele as destruía sistematicamente. Este é o rosto do Daesh", partilha o blogueiro e publica um vídeo gravado por ele próprio.
Ele também destaca que a abordagem da edição é, não meramente "cínica", mas igual a "dizer que os EUA deveriam ter abrandado a pressão contra os nazis para deixar sangrar a União Soviética".