Defendendo a sua terra: camponeses sírios criam grupos de autodefesa

© Foto / Mohamed MaarufAleppo, Síria, março 2017
Aleppo, Síria, março 2017 - Sputnik Brasil
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Da luta contra os islamistas na Síria participam não só o exército sírio e os aliados. Os cidadãos comuns também foram forçados a pegar em armas para defender suas aldeias.

Nas aldeias da província de Aleppo sempre fizeram mais que uma colheita por ano. O mesmo está acontecendo agora, embora estejamos ainda na primavera. Os homens da aldeia de Abu Zhren estão fazendo a primeira colheita de feijão deste ano. "Além de feijão plantamos pepino, tomate, beringela. Acho que uma parte da colheita, em junho, vamos vender para as pessoas de Aleppo", diz o morador local Ahmad al-Ali.

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A aldeia de Abu Zhren era o principal fornecedor de produtos agrícolas e agropecuários de Aleppo, alimentando toda a província. Mas alguns anos atrás a aldeia foi conquistada pelos terroristas, que destruíram o sistema de irrigação. Agora as pessoas têm de regar os campos praticamente à mão, o que reduziu as colheitas.

"Os militantes matavam as pessoas que queriam trabalhar na terra e aqueles que recusavam a ficar do lado deles. Eles mataram 23 pessoas da minha família. Eu mesmo fui forçado a fugir da aldeia", conta Hamze al-Saleh.

Os islamistas não pouparam até aos monumentos arquitetônicos, destruindo quase todas as casas de barro, morada típica de camponeses sírios, muitas das quais foram construídas 200 anos atrás.

"Essas casas tinham água e eletricidade. Os habitantes da aldeia continuavam morando nelas, rendendo homenagem ao patrimônio cultural. Mas, como se sabe, os islamistas não ligam muito para a cultura", diz o mais velho do local Mahmud al-Hussein.

Felizmente, há três anos o exército conseguiu expulsar os terroristas, mas as posições deles ainda estão muito perto — atrás das montanhas, a 15 quilómetros da aldeia. Por isso, depois de acabar de trabalhar nos campos, os moradores trocam as ferramentas por armas. Eles todos servem nos grupos de autodefesa, defendendo a aldeia de um possível ataque terrorista.

"Precisamos de acabar o trabalho no campo antes do pôr-do-sol. Hoje é nossa vez de estar de guarda. Claro que é difícil, mas se os militantes voltarem, ficará ainda mais difícil", conta Ahmad al-Ali.

Antes da guerra começar, Abu Zhren tinha 10 mil habitantes. Agora moram um pouco mais de 3 mil, metade dos quais está inscrita na milícia popular.

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Soldados da polícia militar russa estão ensinando os moradores locais a se defenderem.

"Ponham as pedras ao nível da altura média humana, pelo menos 170 centímetros, para não se curvarem depois", explica um militar em russo como equipar uma posição de fogo em uma casa abandonada. Aliás, tudo está claro mesmo sem tradução. Os meios disponíveis também não faltam: pedras, blocos ou sacos com areia.

"Estabelecida a posição de fogo, é preciso fazer um mapa com os pontos de referência para que cada pessoa que estiver atirando saiba qual a sua direção, o ponto de referência e a distância a que fica o adversário", mostra o militar.

Depois é ensinada a montagem-desmontagem das armas e a instrução de como prestar a primeira ajuda médica, por exemplo, como fazer parar o sangue se alguém estiver ferido.

Os militares russos trouxeram para os camponeses como ajuda humanitária vários barris de combustível. Para agradecer, os habitantes da Abu Zhren os convidaram para a mesa, isto é, para o tapete, porque no Oriente costumam comer sentados no chão. Os petiscos oferecidos — carne de carneiro e legumes — tudo cultivado pelos camponeses que estão protegendo. 

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