Segundo admitiu o peemedebista, o processo de impeachment contra Dilma (aceito por Cunha em 2 de dezembro de 2015) só virou realidade depois de três deputados do PT no Conselho de Ética – Léo de Brito (PT-AC), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Zé Geraldo (PT-PA) – não aceitarem votar a favor de Cunha.
“Em uma ocasião, ele [Cunha] foi me procurar – e isso era umas duas horas da tarde, mais ou menos – dizendo: ‘Olha, eu hoje vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente – e eram dez ou 12 pedidos –, porque prometeram-me os três votos do PT no Conselho de Ética’. Eu disse: ‘Ora, que bom. Muito bom. Assim acaba com esse história de você estar na oposição, etc. Até porque, convenhamos, eu sou o vice-presidente da República, do PMDB, e fica muito mal essa situação de você, a todo momento, estar se posicionando como oposicionista’”, contou Temer.
Na sequência, o então vice-presidente disse ter ido conversar com Dilma, que teria achado a informação “uma coisa boa”. Mas no dia seguinte, a informação da revolta dos deputados do PT e a quebra do acordo que teria sido estabelecido anteriormente fez Cunha reagir decisivamente.
“No dia seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que o presidente do partido – o PT, naturalmente – e os três membros do PT se insurgiam contra aquela fala e votariam contra [Cunha]. Quando foi três horas da tarde, mais ou menos, ele me ligou dizendo: ‘Olha, tudo aquilo que eu disse não vale, porque agora eu vou chamar a imprensa e dar início ao processo de impedimento. Então, veja que coisa curiosa: se o PT tivesse votado nele naquela comissão de ética, é muito provável que a senhora presidente continuasse [no mandato]’”, completou Temer.
Após aceitar a abertura do processo de impeachment contra Dilma, Cunha perdeu força na Câmara e acabou cassado pelos seus colegas. Não muito tempo depois, em outubro do ano passado, foi preso por seu envolvimento na Operação Lava Jato e, recentemente, foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.
Na mesma entrevista à TV Bandeirantes, Temer voltou a negar o seu envolvimento em negociações de valores a serem doados pela empreiteira Odebrecht, afirmando que não se envolvia em temas relativos a movimentações financeiras do seu partido, o PMDB.