Embora tenha evitado declarar apoio explícito a Le Pen, a candidata mais à direita na disputa para o posto de premiê da França, o presidente norte-americano avaliou que o atentado de quinta-feira na capital francesa jogou a favor da líder da Frente Nacional (FN).
“Ela é a mais forte na questão das fronteiras, e ela é a mais forte a respeito do que está acontecendo na França. Quem for mais duro com o terrorismo islâmico radical, e quem for o mais duro a respeito das fronteiras se sairá bem na eleição”, disse Trump, em entrevista no Salão Oval da Casa Branca.
Horas antes, Trump usou o seu Twitter para abordar o ataque em Paris: “Outro ataque terrorista em Paris... As pessoas da França não vão aguentar muito mais disso. Terá um grande efeito na eleição presidencial”.
Another terrorist attack in Paris. The people of France will not take much more of this. Will have a big effect on presidential election!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 21 de abril de 2017
O raciocínio de Trump se sustenta em alguma lógica: na primeira pesquisa após o atentado, Le Pen foi a única a subir, aparecendo com 23% das intenções de voto – um ponto a mais em relação ao levantamento prévio feito pelo Odoxa. Ela só está atrás de Emmanuel Macron, que lidera com 24,5%, de acordo com o mesmo instituto.
Trump procurou enfatizar que “como todos estão fazendo previsões sobre quem vai vencer, ele não é diferente”.
A votação deste domingo na França é o primeiro turno, que define quem são os dois candidatos mais bem votados que então disputarão o segundo e decisivo turno, este marcado para 7 de maio. Segundo analistas, o futuro da União Europeia passa pelo resultado francês – Le Pen defende um referendo pela saída do país do bloco.
Anteriormente, Trump apoiou o Brexit, que foi a decisão do Reino Unido e deixar a União Europeia e sugeriu que outros países europeus fariam o mesmo no futuro.
O alinhamento de Le Pen com Trump se dá majoritariamente em questões relativas aos imigrantes (ela prega um maior controle das fronteiras) e ao terrorismo (Le Pen defende a expulsão do país de pessoas suspeitas de ligação com o islamismo radical).
Macron é visto, por sua vez, como o candidato que pode ajudar a fortalecer o bloco europeu – tanto que recebeu o apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, antecessor de Trump na Casa Branca. Em resposta ao atentado em Paris, Macron falou em aumentar em 10 mil o número de policiais, além de melhorar os serviços de inteligência.
Diante do ataque de quinta-feira, as forças de segurança francesas estão em alerta, sobretudo pelo temor de algum tipo de ação justamente durante o andamento das eleições deste domingo.