Mais cedo, o Comitê Antimonopólio da Ucrânia (AMCU) advertiu que iria confiscar os bens e ativos da empresa Gazprom no território ucraniano. Já que a estatal russa não tem outros ativos físicos no país, isto somente pode significar a confiscação do gás russo transportado através do gasoduto de trânsito, afirma o jornal russo Vzglyad.
"Este é o cenário mais terrível", afirmou Konstantin Simonov, presidente da Fundação Nacional de Segurança Energética russa, ao jornal. "Em 2009, a Ucrânia roubou gás para suas próprias necessidades, e agora vai confisca-lo formalmente. A Ucrânia vai interromper o trânsito e admite-o", adiantou.
O AMCU impôs uma multa no valor de 6 bilhões de dólares contra a Gazprom, citando alegados abusos da sua posição monopolista no mercado de trânsito de gás entre 2009 e 2015. Tais acusações surpreenderam a empresa energética russa, já que esta não tem atividade na Ucrânia, passando o gás para a empresa ucraniana Naftogaz na fronteira ocidental da Rússia.
De acordo com o especialista em assuntos políticos Maksim Zharov, a Gazprom tem argumentos jurídicos para combater as ações de Kiev.
"Eu não acho que esta situação afete, de algum modo, a empresa Gazprom, já que tem bons argumentos jurídicos para lutar contra tais passos. Por isso, eu não acho que haja quaisquer dificuldades na proteção dos interesses da Gazprom perante as autoridades ucranianas", disse.
Segundo assegurou Zharov, as ações de Kiev vão influir de modo negativo no clima de investimentos na Ucrânia e não na empresa de energia russa.
"As autoridades ucranianas buscam eliminar a presença das empresas russas no mercado ucraniano. […] Eu acho que este passo vai agravar fortemente o clima de investimentos no mercado ucraniano", concluiu o analista.
Em 2016, a trânsito de gás através da Ucrânia correspondeu a cerca de 43% das exportações russas para a Europa. Porém, a Rússia está hoje em dia elaborando novos projetos energéticos, inclusive a construção do gasoduto Nord-Stream 2 (Corrente do Norte 2).