Assim foi com o programa Obamacare. Mas no caso dele os interesses de Trump não receberam a aprovação do Congresso, apesar de os republicanos terem maioria em ambas as câmaras. Como resultado, Trump retirou o projeto de lei que devia abolir o programa. Mas foi a crítica deste programa que permitiu a Trump ganhar as presidenciais nos estados "democratas". Finalmente, Trump comunicou ao The Washington Post que nunca tinha tencionado abolir ou substituir o programa nos primeiros 60 dias.
Trump prometeu também acabar, em caso de sua vitória, com o acordo com o Irã que a administração de Obama classificava quase como seu maior êxito.
BREAKING: Trump says Iran is 'not living up to the spirit' of nuclear deal, despite US certification of Iran's compliance.
— The Associated Press (@AP) 20 de abril de 2017
Agora Trump recebeu a possibilidade de rever os acordos sobre o programa nuclear de Teerã. Entretanto, parece que ela tente resolver tudo por si próprio, sem querer saber a opinião dos seus aliados europeus que são parceiros no acordo com o Irã. Trump encarregou o Conselho de Segurança Nacional de verificar a importância para os interesses americanos do levantamento das sanções no âmbito desse acordo.
Mas um ponto que ele não considerou no seu discurso anti-iraniano é que o acordo foi assinalado por mais cinco países além dos EUA. Se Washington decidir quebrar o acordo unilateralmente, isso afetaria negativamente as posições dele no palco mundial.
Além disso, hoje em dia há muitos que necessitam de manter boas relações com o Irã. A Europa já tinha reestabelecido os laços comerciais com o Irã, concluindo contratos comerciais e ninguém não vai abdicar disso.
Breaking the Iran nuclear deal would be a grave mistake for the Trump Administration, unleashing Iran's nuke program again and isolating US.
— Adam Schiff (@RepAdamSchiff) 21 de abril de 2017
Assim, falando sobre o fracasso do acordo, a administração de Trump de fato empurra o Irã a proibir quaisquer inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica e a recomeçar seus desenvolvimentos nucleares. E em resultado os EUA se arriscam a obter um presidente iraniano com quem eles nunca conseguirão negociar nada. A firmeza do presidente norte-americano pode jogar contra ele.
Vale a pena esperar pela decisão do Congresso que aprovou o acordo [com o Irã] durante a presidência de Obama, e para o qual parece mal anular sua própria decisão.
Olga Geroeva para o serviço russo da rádio Sputnik