A atual postura beligerante e implacável do presidente Donald Trump e sua equipe contra Pyongyang estaria municiada de estudos e outras análises feitas por setores internos da inteligência do país, o que levou a Casa Branca a elevar a sua preocupação – e o tom.
“Eles aprenderam muito”, disse ao jornal nova-iorquino Siegfried S. Hecker, professor de Stanford que dirigiu o laboratório de Los Alamos (onde nasceu a bomba atômica) entre 1986 e 1997 e que já visitou as instalações norte-coreanas em pelo menos sete oportunidades.
Hecker acredita que Pyongyang está evoluindo e que poderá ter mísseis capazes de atingir Seattle, no Estado americano de Washington, em alguns anos. Há uma forte especulação de que os norte-coreanos realizarão um novo teste nuclear em breve, o que fez Trump clamar por novas sanções contra o país asiático.
O jornal ainda pontua que a Coreia do Norte pode chegar ao número de 50 bombas nucleares até 2020, se seguir no ritmo conhecido. Com pelo menos oito tipos de mísseis conhecidos em seu arsenal – de pequeno e médio alcance –, o regime de Kim Jong-un poderia atacar com chance de êxito aliados dos EUA – Japão e Coreia do Sul –, além de bases do país.
Já a produção de um míssil balístico intercontinental, os chamados ICBM, ainda demandaria maior evolução norte-coreana, segundo Hecker, sobretudo por ter de ser “menor, mais leve e a capacidade de superar as dificuldades adicionais das tensões e temperaturas”. E não está claro quando Pyongyang alcançará tal tecnologia.
A matéria ainda alerta que já foram encontrados indícios de que os cientistas norte-coreanos possuem dados e trabalhos em plantas locais para alcançarem a bomba de hidrogênio, a Bomba H, que Pyongyang alega já ter em seu arsenal.
Teste pode estar próximo
Michael Duitsman, do Centro James Martin para Estudos de Não-Proliferação, afirmou à rede norte-americana CNN que os testes norte-coreanos com mísseis balísticos intercontinentais poderiam ser realizados a qualquer momento. De acordo com o especialista, sabe-se que Pyongyang produziu tais mísseis, mas não se sabe se eles funcionam de fato.
“Tecnicamente eles poderiam fazer o teste com um ICBM amanhã, mas parte do problema em fazer esse teste seria o custo político disso. Além disso, seria necessária uma grande quantidade de combustível. Será que eles [Coreia do Norte] vão aceitar esse risco?”, avaliou Duitsman.
Ainda sobre o arsenal norte-coreano, o especialista destacou os mísseis Musudan, de médio alcance, e o Pukguksong-1, este feito para os submarinos do país e que teria condições de carregar uma ogiva nuclear.