O dirigente disse que o pessoal que trabalha em terra (aeroviários) e os aeroportuários, como as equipes de manutenção e os que trabalham na infraestrutura dos aeroportos, já decidiram cruzar os braços, enquanto pilotos e comissários de bordo decidem a adesão em assembleias nesta quinta-feira. A categoria já aprovara anteriormente a decretação do estado de greve. A paralisação ganhou considerável reforço nesta quarta-feira, depois que o Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos pediu a colaboração do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)) para fechar os dois principais aeroportos do país, o de Guarulhos e o de Congonhas. O aeroporto internacional tem mais de 700 pousos e decolagens por dia, enquanto em Congonhas são quase 500.
A assembleia de pilotos e comissários desta quinta-feira também vai discutir diversos pontos que estão sendo criticados na reforma trabalhista aprovada na Comissão da Câmara e que agora segue para votação em plenário. Vários pontos estão sendo considerados prejudiciais, como a proposta que legaliza turnos de 12 horas trabalhadas por 36 de descanso e o fim de legislações específicas, como a da categoria de aeronautas.
"Essa reforma aborda vários pontos que nos preocupam, como o trabalho intermitente, quando um tripulante pode ser destacado para trabalhar em determinada época do ano. Quando em alta ele trabalharia, enquanto na baixa estação ele ficaria desempregado. Com isso você não tem como planejar a sua vida, a questão profissional e social", diz Dias.
O presidente da Fentac aponta ainda outra questão preocupante para a categoria: a idade mínima de 65 anos para homens na reforma da Previdência, o que inviabilizaria a carreira de pilotos internacionais, que não podem mais voar ao chegar a essa idade. Para evitar essas mudanças, os aeronautas estão elaborando algumas propostas de emenda para garantir uma condição mínima de trabalho para esses profissionais que têm a responsabilidade de conduzir passageiros e cargas.
"Além da reforma trabalhista, a previdenciária também nos atinge de forma bastante cruel. Como pilotos e comissários tendem a ingressar com uma idade não muito tenra — eles precisam de aplicação nos estudos — você não tem o tempo dos 49 anos exigidos de contribuição e chegar aos 65 para receber a integralidade dessa aposentadoria. Estamos colocando que, ao chegar aos 65, eles tenham a integralidade da aposentadoria", observa Dias.