"A Venezuela se retira da OEA pela dignidade, pela sua soberania, pela paz e pelo futuro da nossa pátria", comunicou ela.
Venezuela se retira de la OEA por dignidad, por su independencia, por su soberanía, por La Paz y el futuro de nuestra Patria
— Delcy Rodríguez (@DrodriguezVen) 26 de abril de 2017
Presidente da Venezuela Nicolas Maduro também deu a ordem para a saída.
"Basta de arbitrariedade intervencionista e violação da legalidade! A Venezuela é um berço de libertadores. Vamos obrigar a que nos respeitem", declarou ele.
Como Jefe de Estado en uso de mis Atribuciones Exclusivas de acuerdo con la Constitución he ordenado el inmediato Retiro de la OEA…
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) 27 de abril de 2017
Mas a saída imediata é impossível. O procedimento oficial levará 24 meses. A situação é dificultada pela dívida da Venezuela perante a OEA, Caracas tinha recebido emprestado cerca de 9 milhões de dólares.
"É um golpe de Estado provocado pelas forças da direita. É pena que a Organização dos Estados Americanos continue com a sua tradição de derrubada de governos", acrescentou o presidente da Bolívia Evo Morales ao RT.
"Agente da CIA" e "louco como bode"
A Venezuela está em situação de crise crônica desde 2014. A queda dos preços do petróleo, que é o maior produto de exportação, afetou muito negativamente a economia. O país mergulhou na corrupção e na criminalidade de rua. O déficit de bens de consumo se tornou uma coisa habitual. Nicolas Maduro se tornou líder do país em 2013 após a morte de Hugo Chávez. Ele não possuía nem o prestígio do antecessor entre seus apoiantes, nem sua vontade política, mas também tem inclinação para ações emocionais.
Em 2016, Maduro brigou com o chefe da OAE Luís Almagro o classificando de "agente da CIA" e de "traidor há muito tempo". O antigo presidente do Uruguai José Mujica defendeu Almagro dizendo que Maduro era "louco como uma cabra". "Eles são todos loucos na Venezuela", declarou Mujica, acrescentando que "os venezuelanos devem resolver suas questões entre si".
"Estou louco como uma cabra, sim. Estou louco de amor por Venezuela", respondeu Maduro.
É possível que Almagro tivesse memorizado as palavras de Maduro. Hoje em dia é ele quem critica mais o governo da Venezuela.
Juízes contra deputados
Desde dezembro de 2015, o poder na Venezuela está dividido. As eleições parlamentares foram ganhas pela Mesa da Unidade Democrática oposicionista – um conglomerado de partidos que se manifestam contra Maduro. A aliança pró-governamental, encabeçada pelo Partido Socialista Unido, ocupou apenas o segundo lugar. Entretanto, Maduro conservou o posto presidencial e o controle sobre o governo. Os dois ramos do poder se bloquearam mutuamente, não contribuindo para a saída da crise econômica.
Finalmente, em março deste ano, o Tribunal Supremo da Venezuela, que apoia Maduro, assumiu as funções do parlamento. Isso foi classificado como um golpe de Estado pelas forças da oposição. Dois dias depois, os juízes anularam sua decisão, mas a oposição já tinha mais um motivo para levar o povo a sair às ruas. A polícia e o exército continuaram leais ao presidente.
As manifestações continuaram durante todo o mês de abril. Segundo a informação atual, mais de 26 pessoas morreram nos confrontos, mais de 300 ficaram feridas.