Le Pen, provavelmente a figura mais visível entre a direita europeia, promete não apenas abandonar a zona euro e reintroduzir a moeda nacional, o franco, mas não exclui a possibilidade de sair da UE de uma vez por todas.
Ao mesmo tempo, o centrista Macron manifestou seu apoio às estruturas europeias e suas políticas na área de economia.
"Que saibamos, os dois candidatos representam visões opostas e, de fato, polarizadas a respeito da União Europeia e sobre a França como parte dela", afirmou Rogatyuk.
Porém, muitos dizem que, após a "surpresa" do Brexit britânico e a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, não há nenhumas garantias que as presidenciais francesas deem a vitória ao candidato favorito dos moderados e do "establishment" político tradicional da França.
Há dois dias, o ex-presidente americano Barack Obama gravou um apelo de um minuto a favor do presidenciável Macron, assegurando no vídeo dirigido ao povo francês que "o sucesso da França é importante para todo o mundo".
No entanto, Rogatyuk destaca que este selo de aprovação por parte do ex-presidente dos EUA não foi nada surpreendente.
"É um passo bem previsível por parte do ex-líder americano… Além de Obama, Macron também recebeu elogios e apoios da parte de outras importantes figuras internacionais que fazem parte do que eles chamam de poderoso extremo centro por todo o mundo", assinalou, apontando a hipocrisia de um conselho não solicitado que vem de fora.
"Macron tem consistentemente tentado retratar Le Pen como fantoche de Vladimir Putin… Além de ter banido algumas mídias, tais como a Sputnik ou o RT, de assistirem às entrevistas coletivas", acrescentou.
"Esta interferência direta por parte de Obama de apoio a Macron é certamente mais um exemplo do tipo de hipocrisia que continua até hoje roendo o establishment neoliberal na França", resumiu.
As enquetes, que foram extremamente exatas no primeiro turno das eleições, indicam Macron como o líder claro da corrida, com uma vantagem de até 20%.
Neste ano, nenhum dos maiores partidos franceses — nem os republicanos nem os socialistas — conseguiu passar para o segundo turno das eleições, pela primeira vez desde que o atual sistema eleitoral foi introduzido em 1965.