“As trágicas relações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul têm sido operadas pelos grupos conservadores que, tendo estado no poder nos últimos 10 anos, reavivaram o período de confronto anterior e maximizaram a rivalidade política e militar entre a mesma raça”, escreveu o jornal norte-coreano Rodong Sinmun, ligado ao Partido dos Trabalhadores do país.
A votação para as eleições presidenciais sul-coreanas acontece nesta terça-feira. O país irá escolher quem sucederá a presidente Park Geun-hye, que foi retirada do poder por acusações de corrupção durante o seu mandato.
A pesquisa mais recente aponta que o líder na preferência do eleitorado é Moon Jae-in, do Partido Democrático.
Aos 64 anos, o advogado de direitos humanos lidera por ampla margem apóia a aliança de Seul com os Estados Unidos (embora com críticas à postura de Donald Trump), e defende uma política de diálogo com Pyongyang – posição duramente pelos conservadores –, que vigorou até 2008 na gestão do presidente sul-coreano Roh Moo-hyun, ao qual Moon também serviu durante o mandato.
A perspectiva de ter em Seul um presidente mais focado no diálogo e em investimentos, ao contrário da política de sanções, animou o regime de Kim Jong-un.
“O anseio de paz do nosso povo tem sido impiedosamente atropelado pelos grupos conservadores, seguidores maníacos de confrontação”, afirmou o jornal norte-coreano.
“A história do confronto inter-coreano, liderada pelos conservadores, deve ser posta fim e uma nova era de unificação deve abrir-se em colaboração entre a nossa raça. Para esse fim, o esquema dos grupos conservadores para pegar o poder novamente deve ser resolutamente despedaçado”, concluiu a publicação.
Um dia antes, o mesmo jornal norte-coreano criticou o presidente em exercício Hwang Kyo-ahn pela manutenção da política atual e até mesmo o aumento das sanções contra Pyongyang.
A chance dos conservadores no pleito, aliás, repousa nas mãos de Hong Joon-pyo, que apresentou uma retórica próxima a deTrump nos EUA. As possibilidades dele vencer, porém, são tidas como remotas, sobretudo pelo descrédito em que caíram os conservadores após o impeachment de Park Geun-hye.