CUT e MST pretendem organizar uma grande manifestação popular em favor de Lula e contra os excessos cometidos pela Operação Lava Jato, em frente à sede da Justiça Federal. Camargo disse que as centrais vão cobrar da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Paraná o mesmo tratamento dispensado aos manifestantes que defenderam o impeachment da presidenta Dilma Rousseff na capital paranaense, no ano passado.
Nesta segunda-feira, Moro indeferiu pedido dos advogados de defesa de Lula, que pediam o adiamento do depoimento, com a alegação que os cerca de 5 mil documentos, entre técnicos e jurídicos do processo, impossibilitam, até quarta-feira, a leitura de todo o material, que ainda está sendo impresso por uma gráfica em regime de urgência. Moro também indeferiu pedido do PT para que o partido pudesse fazer sua própria filmagem do depoimento, com imagens não só das respostas de Lula, como também das perguntas a serem feitas pelo juiz federal.
Em resposta à determinação da Prefeitura de Curitiba, proibindo acampamentos nas proximidades do prédio da Justiça Federal, o secretário da CUT garante que a comitiva de trabalhadores e sem-terra que vai acompanhar o depoimento de Lula não quer confusão, apenas o direito de expressar seu apoio ao ex-presidente. Apesar da organização pacífica, o dirigente da CUT não esconde uma certa preocupação.
"Estamos acompanhando com uma certa apreensão, por conta, inclusive, de alguns depoimentos anteriores e alguns embates com advogados do ex-presidente Lula e do juiz Sérgio Moro que acabaram travando em alguns momentos. Há uma violação a determinados direitos no que diz respeito a tolher a participação dos advogados e até mesmo dos depoentes. Essas arbitrariedades não podem ser concebidas, e que no próximo dia 10 se possa ter o máximo de transparência possível e que ao ex-presidente Lula, como a qualquer outra pessoa, seja dado o direito de se explicar sem ser, como muitas vezes, enveredar por determinados caminhos", diz Camargo, enfatizando que o objetivo da caravana não é fazer qualquer tipo de pressão à Justiça, mas de defender que a Lula sem oferecidas todas as condições para que possa prestar um bom depoimento.
Comentando o risco de confronto entre defensores do ex-presidente e partidários de grupos de direita, o dirigente da CUT admite que a possibilidade existe, mas que deve ser evitada, principalmente no sentido de não se aceitar provocações.
"Tem alguns agrupamentos — principalmente daqueles que criaram ao longo do tempo essa divisão no país em duas partes — que acabam por muitas vezes fazendo com que as pessoas percam a razão e, através da emoção, acabem criando determinadas situações. Vamos envidar todos os esforços possíveis para que a gente não entre num clima de provocação e de conflito. O que queremos é que se faça a justiça, e se todos querem que se faça a justiça é necessário que a Justiça funcione e que tenha o direito de ampla defesa, e que somente a partir de provas as pessoas passem a cumprir suas penas. Até que se prove o contrário, até agora não há nem uma comprovação contra o ex-presidente", finaliza Camargo.