Hoje em dia só um terço da cidade, a parte controlada pelo exército sírio, pode ser visitada, as outras duas partes na posse do Daesh são terra incógnita.
A primeira coisa que salta aos olhos é que não há ruas onde se possa circular livremente: todas as ruas foram transformadas em um labirinto de blocos e de postos de controle. A linha da frente passa no meio da cidade e os soldados da Guarda Republicana formaram várias linhas de defesa.
Em vários bairros não há água corrente, esta é fornecida através de tubagens provisórias instaladas ao longo das ruas, algumas vezes por semana. Cada vez que é fornecida água, dezenas de pessoas se juntam com recipientes para a recolher.
"Temos uma geração de crianças com menos de cinco anos que não conhecem o gosto de tomates e pepinos, para não falar de fruta. Geralmente comemos uma vez por dia. Economizamos tudo: devemos sobreviver e esperar que o exército rompa o bloqueio", contou uma mãe de seis filhos.
Para ela não é importante a forma como vai morrer: das balas ou de fome.
"Vocês chegaram e isso é uma grande alegria. A Rússia nos protege, sem os vossos aviões teríamos sido degolados e descartados em uma sarjeta, e as bandeiras negras do Daesh teriam sido içadas acima das nossas casas. Haver russos na cidade é um bom sinal, isto significa que o cerco será rompido e vamos ser salvos", acrescentou um homem.
Apesar da infelicidade, do drama e das condições extremas da vida, os habitantes de Deir ez-Zor continuam otimistas.
Para fugir da realidade triste, do sangue e dos mortos eles organizam os jogos de futebol com estádios cheios de pessoas com fotos de Bashar Assad nas mãos.
"Não vamos sobreviver se vivermos sem alegria e no medo. O futebol nos permite esquecer das nossas infelicidades e experimentar as alegrias da vida. Somos homens, queremos viver e vivemos durante 3 anos graças à nossa esperança", disse um apoiante jovem com a bandeira da Síria.