Kazan é um submarino polivalente. Em outras palavras, é destinado a fazer frente tanto aos porta-aviões e submarinos estratégicos inimigos, como aos principais objetivos bélicos da infraestrutura costeira.
Para levar a cabo este tipo de missões, o submarino está equipado com uma série de mísseis de cruzeiro, torpedos e um sistema digital de controle, detecção e orientação de armas. Além disso, é quase totalmente silencioso e pode detectar o inimigo antes de este se dar conta disso.
O autor lembra que os primeiros submarinos multifuncionais russos de terceira geração, os Schuka-B, foram lançados na década de 80, e também provocaram o temor dos EUA. Para ter um contrapeso, Washington começou construindo os submarinos de ataque Seawolf, de 4,6 bilhões de dólares cada um.
Segundo Timoshenko, é possível que toda a frota da OTAN seja capaz de destruir os Schuka russos, mas ao preço de uma "verdadeira devastação" de toda a infraestrutura costeira, assim como a perda de um par de porta-aviões.
Os EUA ficaram tão preocupados, que em 1991 o Congresso propôs exigir que a Rússia divulgasse todos os programas a longo prazo em matéria de construção de submarinos e ajudar o país eslavo a reequipar seus estaleiros para fabricação de objetos não-militares.
Os submarinos do projeto Yasen são os mais avançados da Marinha da Rússia, continua o autor. Todos os sistemas e mecanismos instalados neles são de produção nacional e nunca haviam sido usados antes.
Hoje em dia, outros quatro submarinos do projeto Yasen se encontram no estaleiro Sevmash. São eles o Novosibirsk, Krasnoiarsk, Arkhangelsk e Perm. Além disso, o início da construção do quinto submarino, Ulianovsk, está previsto para 2017.
O que há de novo
Os novos submarinos russos são muito diferentes de seus antecessores soviéticos. Assim, não dispõem de um casco leve instalado sobre o casco resistente, por isso são menos ruidosos em movimento. O casco leve dos Yasen cobre o casco resistente apenas na parte de vante, onde se encontra a grande antena esférica do sistema hidroacústico automatizado Amfora-Irtysh.
Além disso, o mastro central está também localizado no primeiro compartimento do submarino. Para poder colocá-lo aí, os engenheiros tiveram que deslocar os tubos de torpedo para o segundo compartimento, com cinco peças em cada bordo, junto com os 30 torpedos de reserva.
O sexto compartimento do submarino contém outra "joia do projeto 885m" – um reator de última geração, cujas tubagens do líquido de arrefecimento do primeiro circuito se encontram dentro do seu casco, o que aumenta consideravelmente a confiabilidade do sistema energético.
"Esta construção não só reduz o risco de acidentes e situações de emergência, mas também o ruído que gera o submarino. O navio será capaz de atingir altas velocidades sem a necessidade de usar bombas de circulação: uma das principais fontes de ruído", explica Timoshenko.
O sétimo compartimento abriga uma instalação de turbina a vapor e outros equipamentos de energia. No oitavo se encontra o motor de propulsão principal e o nono — a barra do leme do submarino.
Timoshenko prossegue, dizendo que no projeto dos novos submarinos russos são utilizados vários materiais de absorção de vibrações, enquanto todos os equipamentos são instalados sob revestimentos especiais, o que também reduz o ruído. Além disso, cada bloco é coberto com os seus próprios painéis de isolamento sonoro.
Os submarinos nucleares do projeto 885m Yasen estão equipados com um motor de baixo ruído, com sete pás em forma de sabre. O casco do submarino tem um comprimento de 139 metros e uma boca de 13 metros. No primeiro compartimento está a entrada para a cabine de salvamento que pode acomodar toda a tripulação do submarino, 64 pessoas.
Antes de entrar em serviço da Marinha da Rússia, o submarino Kazan passará por vários testes no mar, que poderão ter lugar no início de 2018. E, na opinião do autor, "o novo submarino nuclear não vai ficar sem trabalho".
"Parece que a frota submarina nacional conseguiu se livrar de seu passado recente, quando a ausência de tripulantes bem treinados coincidia com a falta de submarinos operacionais", destaca Timoshenko.
Desta forma, o alto nível de automação e a grande preparação dos tripulantes são o fundamento de todas as capacidades bélicas do novo submarino russo.