Na avaliação de Fábio Tauk, proprietário da Sky Video, uma das empresas especializadas na venda e consultoria de drones, a regulamentação tem pontos positivos e negativos, demorou a sair, mas trouxe um marco regulatório que passa a tornar viável o uso comercial desses equipamentos no país. Como é uma legislação nova, tem ainda alguns pontos não totalmente definidos, como a questão do treinamento ou como as empresas serão certificadas para operar equipamentos com mais de 150 quilos.
"Hoje para aeronaves de até 25 quilos, você entra e a cadastra na Anac tanto para uso privado quanto para comercial. Para as mais pesadas ainda está indefinido como vai ser esse processo. Para tirar o certificado, você tem que entrar com processo na ANAC e demonstrar a aeronavegabilidade da aeronave", observa o especialista.
Em São Paulo — que há anos é a segunda cidade do mundo com maior tráfego aéreo de helicópteros, só perdendo para Nova York —, Tauk questiona como as pessoas vão pilotar um drone de forma segura? Segundo ele, os drones têm motores elétricos muito potentes. Mesmo sem voar muito alto, eles oferecem risco, por isso o especialista recomenda às pessoas pensarem nessas aeronaves como uma máquina e não um brinquedo.
Um dos pontos controversos na nova regulamentação é justamente a proibição de uso de drones a menos de 30 metros de pessoas, o que praticamente inviabiliza o uso deses equipamentos em espaços públicos, como shows, manifestações e eventos esportivos. As únicas exceções são abertas à utilização em operações de segurança pública, policiais, Defesa Civil ou Corpo de Bombeiros, bem como de combate a vetores de doenças. Na prática, a nova regulamentação dividiu os drones em três categorias: com mais de 250 gramas até 25 quilos, entre 25 e 150 quilos e acima de 150 quilos. As novas normas, já em vigor, valem para todas as aeronaves não autônomas, isto é, aquelas em que o operador pode interferir no desempenho da máquina mesmo que o percurso tenha sido pré-programado.
O proprietário da Sky Video elogia essa preocupação da agência, e lembra que, recentemente, em algumas manifestações no Brasil, houve registro de drones caindo e ferindo pessoas. Do ponto de vista de custo para as empresas, Tauk lembra a economia que pode ser obtida com a utilização de drones em lugar de helicópteros para registro de manifestações. Essa utilização está sendo testada pela Guarda Municipal de São Paulo, que recebeu um lote de uma fabricante chinesa. O objetivo seria aumentar o trabalho de segurança na cidade, permitindo o envio de imagens de ocorrências para equipes no solo, seja da própria Guarda Municipal, seja para outras forças de segurança, como Polícia Militar, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.
Tauk diz que, apesar da crise econômica dos últimos dois anos, a demanda por drones vem crescendo tanto da parte de pessoas físicas quanto de empresas, especialmente as ligadas ao agronegócio que cada vez mais usa esses equipamentos, como na agricultura de precisão. Outra área onde a demanda é crescente, segundo o especialista, é a indústria, onde o drone pode substituir verificações perigosas, como inspeção de torres de transmissão, gasodutos, oleodutos, para não falar da segurança privada, uma vez que algumas aeronaves têm capacidade de voo de até 56 horas. Um drone comum, no entanto, voa de 12 a 20 minutos, e os de até dois metros de envergadura conseguem carregar até 120 quilos. Em termos de tecnologia e preços, o céu é praticamente o limite.
"A maior fabricante do mundo é a TJI, que é chinesa. Eles produzem drones de boa qualidade, focados no mercado de multirotores para o público geral. Para uso industrial, em alguns segmentos, existem outras empresas entrando nesse mercado. A faixa de preços começa a partir de R$ 6 mil, R$ 7 mil, mas para uso industrial a gente está falando de drones que podem passar de US$ 1 milhão, específicos para sobrevoar grandes áreas, dotados com sensores especiais, lasers scanners, oferecendo imagem em altíssima definição e até câmeras térmicas", exemplifica Tauk.