Jonathan Pollard: ferida dolorosa nas relações americano-israelenses

© REUTERS / Brendan McDermidJonathan Pollard
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O advogado do ex-oficial da Marinha dos EUA condenado a 30 anos de prisão por espionagem para Israel apelou a um tribunal de segunda instância norte-americano para facilitar as condições da liberdade condicional de seu cliente. Mas quem é então Jonathan Pollard?

Eliot Lauer, advogado do espião Jonathan Pollard, apelou para que o juiz altere as condições que preveem o recolher obrigatório e controlo regular do computador usado por Pollard no trabalho. Ele também é proibido de sair de casa no período entre 7 da noite e 7 da manhã. Além disso, o ex-agente não pode sair dos EUA durante cinco anos sem permissão.

Pollard obteve a cidadania de Israel em 1995 mas a Administração de Obama confirmou que não permitiria que ele se mudasse para este país através de intervenção no processo judicial. A nova administração dos EUA ainda não expressou sua posição em relação ao assunto.

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Pollard foi libertado em 2015 depois de ter passado 30 anos na prisão por entregar informações de elevada importância a Israel. Durante seu julgamento em 1986, ele se confessou culpado das acusações e foi condenado a prisão perpétua. Naquele tempo, os procuradores diziam que Pollard revelou segredos do Estado a agentes israelenses enquanto trabalhava como especialista de inteligência para a Marinha norte-americana entre 1984 e 1985. Argumentaram então que suas ações "causaram danos severos" à segurança nacional dos EUA.

Pollard pode ser descrito como um dos espiões mais eminentes da política americana da época da Guerra Fria. Durante 30 anos, ele tem sido uma ferida dolorosa nas relações entre Washington e Tel Aviv. Muitos na inteligência dos EUA o vê como um traidor, enquanto para Israel ele é um firme defensor da segurança do país.

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Logo após sua libertação em 2015, o premiê israelense Benjamin Netanyahu disse em um vídeo que "depois de três décadas longas e difíceis, Jonathan se reuniu com sua família. Que este Sabá lhe traga muita alegria e paz, que continuem por anos e décadas a seguir". Ele também acrescentou que "tinha abordado o caso de Pollard ao longo de muitos anos".

Pelo contrário, os funcionários do governo norte-americano expressaram seu descontentamento com a libertação antecipada de Pollard, entre eles o ex-chefe da CIA George Tenet.

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Jonathan Pollard começou a trabalhar para a Marinha dos EUA na qualidade de analista de inteligência em 1979, mas com o tempo ficou decepcionado com o cargo. Já em 1984 ele começou a cooperar com a inteligência israelense, entregando pastas com documentos secretos norte-americanos. As pastas conteriam fotos de armamentos soviéticos e árabes e informação sobre capacidades das armas dos exércitos da região. Ele também vendeu o manual da Agência de Segurança Nacional norte-americana, que revela como os EUA coleta suas informações sobre transmissões. Ele também revelou nomes de milhares de pessoas que haviam atuado como informantes ou haviam cooperado com serviços secretos dos EUA, colocando as vidas destas pessoas em perigo. Em compensação, ele foi premiado com férias fora do país e milhares de dólares.

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Além disso, Pollard foi usado como instrumento de negociação pelos presidentes americanos e suas administrações para fazer com que Israel concordasse nas negociações de paz com a Palestina. Provavelmente o exemplo mais famoso disso teve lugar em 1998, quando o então presidente Bill Clinton apresentou a possibilidade de libertação de Pollard como um ponto do acordo de paz que ele estava discutindo com Benjamin Netanyahu.  No entanto, o então chefe da CIA George Tenet prometeu se demitir, fazendo desse modo parar as conversações.

Em março de 2014, o secretário de Estado de Barack Obama, John Kerry, insinuou que ele poderia ter vontade de libertar Pollard se Israel cessasse sua política de expansão constante na Cisjordânia ocupada. Essa iniciativa também acabou por fracassar.

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Apesar de Pollard ter saído da prisão, parece que os EUA e Israel continuam negociando o destino dele.

Pollard e seu advogado ainda estão esperando a decisão dos EUA sobre a alteração das duras condições de liberdade condicional. Caso isto não aconteça, o próximo destino será a Casa Branca de Donald Trump, pois o advogado e seu cliente esperam que, na hora certa, o presidente tenha tempo para analisar o caso de Pollard e a tomar decisão apropriada.

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