Antes da eclosão da série de denúncias envolvendo o frigorífico JBS com os principais escalões do governo, economistas previam uma alta de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, revertendo dois anos consecutivos de encolhimento da economia. Para muitos desses economistas, há dois cenários: a solução no menor prazo possível para o impasse constitucional, o que permitiria o país fechar o ano com crescimento zero, ou o risco de a crise continuar pelo segundo semestre, levando o Brasil ao terceiro ano seguido de recessão.
Para o professor da FGV, a crise hoje é mais política do que econômica, apesar de alguns números preocupantes, como o o do desemprego. Para ele, é preciso trabalhar para preservar as instituições e projetar um cenário otimista com os avanços obtidos na economia nos últimos 12 meses, como a queda da taxa de juros básicos e da inflação.
"Estamos com um número de desempregados altíssimo (14,2 milhões) e não podemos correr o risco que esse número ainda cresça, aumentado a criminalidade nas cidades e fora delas. É importante que os brasileiros coloquem na cabeça que qualquer que seja o sacrifício nós estejamos dispostos a fazer", diz Teixeira, para quem a quinta-feira, 18, é um dia que vai entrar para a história pelo que aconteceu em um curto espaço de tempo.
Teixeira elogia a atuação do Banco Central no tocante ao câmbio, avisando que vai realizar tantos swaps cambiais (venda de dólar no mercado futuro) quanto forem necessários até a próxima terça-feira, para conter a disparada da moeda americana. Na quinta-feira, o dólar subiu 8,15%, fechando a R$ 3,3890, enquanto a Bolsa caiu 8,8%, na maior queda em quase nove anos. Um impacto que não atingiu apenas a maioria da população, mas também as maiores fortunas do país, que perderam US$ 6,1 bilhões em um só dia, segundo levantamento do Índice Bloomberg Billionaires.
Em relação à paralisação das discussões da reforma da Previdência na Câmara e a trabalhista no Senado, o professor da FGV diz que é importante que elas não parem.
"Essas duas reformas, embora possam mexer em alguns direitos que algumas pessoas não gostariam que fossem mexidos, colocam o país numa situação de competitividade e modernizam nossas relações. Para isso a gente precisa de um governo que tenha coragem — do ponto de vista eleitoral não são reformas que deem voto — e uma base que entenda a necessidade dessas mudanças. Seja qual for o desfecho na parte política, uma parte consciente do Congresso Nacional deve continuar liderando no sentido de fazer essas reformas e modernizar nossas relações dentro do país para que a gente possa gerar mais empregos e avançar", afirma Teixeira.
O professor da FGV diz que também é importante, para a eventualidade de um impeachment ou renúncia de Temer, procurar um nome que se comprometa em levar essas reformas adiante, "alguém que esteja mais preocupado com sua biografia no futuro do que com sua popularidade hoje".