A Sputnik Brasil conversou com exclusividade com o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Carlos Eduardo Martins sobre a instabilidade no governo Temer e a corrupção na sociedade brasileira.
"Há um certo receio de que essa operação judicial e policial de combate à corrupção ganhe realmente proporções sistêmicas e acabe atingindo setores que estavam se valendo dela para dar o golpe de estado em 2016."
Para o professor da UFRJ, a "estratégia conservadora" para uma eventual queda de Temer seria uma eleição indireta e um dos nomes cotados nesse eventual pleito é o do atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O nome do ministro, contudo, deve ser visto com cautela na avaliação de Martins. "Henrique Meirelles foi presidente do Conselho de Administração da JBS — que comprou boa parte do parlamento brasileiro."
Corrupção
Na análise de Martins, a Justiça brasileira foi condescendente com a JBS e falhou em combater a corrupção com seu acordo de delação premiada.
"O estado brasileiro foi profundamente corrompido pela sua relação com o grande capital. O caso da JBS indica isso e o quanto é débil a investigação policial e a sanção judicial sobre esses setores porque a JBS conseguiu o perdão judicial com sua delação."