No seu discurso no domingo em Riad, Trump descreveu o Irã como "fonte de terrorismo" e instabilidade no Oriente Médio, não fazendo caso do apoio de Riad ao Daesh, assim como a outras organizações envolvidas em atividades terroristas na região e fora dela.
"O CGRI pode ficar ainda mais agressivo do que nunca após aquela bajulação em Riad" disse o especialista Tom Lippman, da Universidade do Oriente Médio (EUA).
"Rouhani foi reeleito facilmente, [refletindo] as aspirações da juventude", notou Lippman.
No entanto, o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica pode vir a usar a autonomia que possui para reagir contra a crítica dura de Trump em relação ao seu país, avisou o especialista.
"Rouhani e o seu ministro das Relações Exteriores não controlam a política do Irã na região. As decisões são tomadas pelo CGRI e as armas chegam também deles", disse ele.
Lippman também duvidou que os sauditas sejam capazes de utilizar eficazmente os $ 110 bilhões (R$ 359, 7 bilhões) em armas oferecidas por Trump para reforçar o país.
"Os EUA alocaram dezenas de bilhões de dólares em vendas durante a administração de Obama. Não tem nada de novo, e ainda não está claro se os sauditas saberão usar algo deste montante em combates. Isso faz com que os sauditas fiquem felizes, mas será que há alguma diferença?", opina o analista.
"As enormes vendas de armas norte-americanas à Arábia Saudita encorajam um regime que tem praticado abusos dos direitos humanos, desestabilizaram o Iêmen e a Síria e patrocinam os grupos terroristas radicais sunitas", disse ele.
Dessa forma, acabará sendo difícil para os EUA fazer as nações árabes sunitas conterem muitas formas de terrorismo que eles diretamente ou indiretamente promovem.
"Na realidade, Trump está apostando em reforçar a oposição ao Irã, que é mais democrático do que a maioria dos aliados-chave sunitas dos EUA na região", disse.
Ao invés de aumentar o apoio a Israel, Arábia Saudita e outros Estados sunitas e rebeldes, os EUA deveriam aproveitar as eleições favoráveis do Irã para reduzir as sanções não relacionadas com o programa nuclear contra Teerã e seguir uma política mais imparcial no Oriente Médio, aconselhou Ivan Eland.